A Agência Nacional de Mineração (ANM) está preparando uma transformação no cenário da exploração mineral brasileira. De acordo com dados recentes do Sistema Oferta Pública e Leilão de Áreas (SOPLE), há atualmente 13,3 mil áreas minerárias localizadas em Minas Gerais à espera de serem disponibilizadas ao mercado. A nível nacional, o volume é ainda mais expressivo: 73,9 mil áreas aguardam definição.
Com o objetivo de agilizar esse processo, a ANM firmou, em Fevereiro deste ano, um contrato com a B3 — a Bolsa de Valores do Brasil — para modernizar e dar maior celeridade à oferta destas áreas. A iniciativa prevê a realização de 15 rodadas públicas, com leilões electrónicos estruturados para comercializar cerca de 7 mil áreas por certame. No total, estima-se a disponibilização de 105 mil áreas para investidores interessados num prazo de cinco anos.
Modernização como resposta ao colapso da estrutura da ANM
A parceria com a B3 surge como resposta à crise estrutural que afeta a ANM há vários anos. A autarquia tem sido alvo de críticas pelo seu funcionamento precário, com falta de orçamento, recursos humanos insuficientes e sistemas tecnológicos desatualizados, incapazes de responder ao crescimento acelerado do sector mineral no Brasil.
Enquanto a estrutura da agência se deteriorava, o mercado de mineração avançava, impulsionado pelo aumento global da procura por minerais estratégicos. O descompasso entre demanda e capacidade de gestão agravou-se, resultando em atrasos na análise de processos, falhas na fiscalização e insegurança jurídica para investidores.
A nova estratégia de leilões em parceria com a B3 promete alterar esse cenário, permitindo que áreas estagnadas há anos finalmente entrem em circulação no mercado. Além de aumentar a transparência e a previsibilidade, a medida também visa atrair novos investimentos e reforçar a competitividade do Brasil no panorama global da mineração.