A Polícia Federal e o Exército Brasileiro concluíram a Operação Manon, deflagrada após três de incursões pela floresta, com o objetivo de reprimir ilícitos ambientais de extração ilegal de ouro e usurpação de bens da União. O invasores estão na Terra Indígena Sararé, no município matogrossense de Pontes e Lacerda.
A participação do Exército está no âmbito da Operação Ágata Fronteira Oeste II, e busca, além de retirar garimpeiros da região – onde atuam ilegalmente, segundo a PF – inutilizar maquinários e destruir utensílios utilizados para a atividade, de forma.
“Foram utilizadas aeronaves para o acompanhamento e proteção das equipes que atuaram em solo. Durante as buscas aéreas foram localizados maquinários e petrechos utilizados pelos criminosos, muitos dos quais estavam escondidos nas matas”, informou por meio de nota a PF.
Conforme divulgado pelas forças, dezessete pás carregadeiras e 17 motores de dragagem foram inutilizados, medida adotada para evitar o uso ou o aproveitamento indevido para dar continuidade à atividade criminosa. Os investigadores localizaram também diversas estruturas de madeira usadas pelos garimpeiros como bases.
A PF estima um prejuízo de R$ 20 milhões para os criminosos. Dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos “em propriedades rurais que fazem limite com a TI Sararé, para a apuração de indícios de que sejam utilizadas como base para os criminosos e acesso ilegal ao território indígena, tanto de pessoas quanto dos maquinários”.
“As investigações continuam daqui para frente para análise dos elementos colhidos durante as buscas com a finalidade de identificar os financiadores dessa atividade ilegal, além de descapitalizar as organizações criminosas que, ao atuarem com impactos sobre a Terra Indígena Sararé, causam danos ambientais irreversíveis”, complementou a PF, a nota.
Invasores aliciam indígenas
Neste mês de dezembro, também no Mato Grosso, a terra Indígena Zoró passou a lidar com a presença de garimpeiros invasores. Eles estão em busca de ouro e diamante, o que preocupa as lideranças que representam o povo originário, que já lida com a invasão de madeireiras. A informação foi divulgada pelo líder Alexandre Xiwekalikit Zoró, presidente da Associação do Povo Indígena Zoró (Apiz).
Apesar de ser algo recente, os zoró pangyjej já têm observado danos à vegetação e contaminação da água em seu território, como resultado da presença dos garimpeiros. Outro aspecto mencionado é a instalação de maquinários no local. A terra dos Zoró fica nos limites do município de Rondolândia (MT) e a população estimada dos indígenas é de entre 800 e mil pessoas, segundo estimativa oficial da Funai, feita ainda na década de 1970. Porém, segundo o líder, são 32 aldeias na região, com cerca de 700 pessoas. Portanto, menos gente do que a informação oficial.
“A gente tem feito denúncias, sim, mas, até agora, nada”, responde o líder, acrescentando que já avisou sobre os últimos acontecimentos à coordenação regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao governo do Mato Grosso, quando questionado sobre recorrer ao poder público.
“Violência física a gente não sofreu, mas isso traz muita coisa para o território, porque, tendo essas pessoas dentro dele, elas atraem muitas coisas ruins. Às vezes, o caminhoneiro que carrega madeira joga cigarro e, aí, pega fogo dentro da terra indígena”, diz o líder Zoró.
Alexandre Xiwekalikit não sabe precisar quantos garimpeiros são, ao todo. Ele conta que começaram a chegar no início de dezembro e que parte dos zoró pangyjej acabaram “se vendendo” e passando para o lado dos madeireiros, por receber dinheiro em troca, ainda que em pequenas quantias. Segundo ele, “sete ou oito parentes” estabeleceram relações com os invasores, que agora se dividem em madeireiros e garimpeiros.
A história dos zoró foi marcada por diversos tipos de invasores. Em 1961, houve a inauguração da Rodovia Cuiabá-Porto Velho, o que facilitou a chegada de agropecuárias e posseiros em seu território.
Uma preocupação atual das lideranças é como os zoró atraídos pelos invasores voltam à comunidade, o que acontece, geralmente, apenas quando o dinheiro que ganham deles acaba. Como consequência das associações a madeireiros e garimpeiros, existem a ida frequente a casas noturnas, o rompimento de vínculos familiares e a gradual perda de valores do universo zoró, na opinião do presidente da Apiz.
Funai, Ibama, Ministério dos Povos Indígenas e o governo do Mato Grosso ainda não se manifestaram sobre o problema. As informações são da Agência Brasil.