A biodiversidade da Serra do Espinhaço, que se estende entre os estados de Minas Gerais e Bahia, está sob uma grave ameaça. Javaporcos e javalis, espécies exóticas que se multiplicam rapidamente e podem atingir até 350 quilos, foram avistados 31 vezes em áreas sensíveis da região, incluindo o Parque Nacional da Serra do Cipó (PNSC) e a Área de Proteção Ambiental do Morro da Pedreira, a apenas 90 quilômetros de Belo Horizonte.
A situação levou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) a declarar “alerta máximo” para a presença desses animais. Eles já foram identificados em pelo menos oito municípios próximos ao parque: Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Itambé do Mato Dentro, Santana do Riacho, Jaboticatubas, Taquaraçu de Minas, Nova União e Itabira. Há ainda relatos preocupantes sobre a criação clandestina desses animais, mesmo com a proibição legal que vigora desde 1998.
Plano de ação envolve comunidade local em torno da Serra do Espinhaço e busca conter avanço da espécie
Em resposta ao problema, o ICMBio e diversas organizações ambientais lançaram a campanha “Espinhaço sem Javali”, que busca mobilizar prefeituras, produtores rurais e moradores do entorno da serra para identificar focos de ocorrência e permitir o abate controlado dos animais. O envolvimento da população na Serra do Espinhaço é considerado crucial para mapear a presença da espécie e conter sua propagação.
Segundo o IBAMA, Minas Gerais já está entre os estados com maior número de registros desses animais. Em 2022, 198 municípios mineiros notificaram a presença de javalis ou javaporcos, sendo que 64 deles foram classificados com prioridade ambiental “extremamente alta”, principalmente por abrigarem ecossistemas frágeis. Cidades como Itambé do Mato Dentro, Morro do Pilar e Jaboticatubas estão entre as mais afetadas.
Além de ameaçar espécies nativas e provocar desequilíbrio ecológico, os javaporcos também causam prejuízos à agricultura e podem transmitir doenças a animais domésticos e seres humanos. O combate a essa invasão depende, agora, da união entre poder público, instituições ambientais e comunidades locais para preservar um dos patrimônios naturais mais importantes do Brasil.