Uma pesquisa realizada pelo Instituto DATAMG entre os dias 4 e 6 de julho de 2024 em Barão de Cocais trouxe à tona a percepção dos moradores sobre a atividade mineradora no município.
Com uma amostra de 300 entrevistados, o levantamento revela que a mineração é considerada pela maioria como uma força motriz do desenvolvimento local — apesar dos desafios e preocupações.
A pesquisa tem margem de erro de 5,5% e intervalo de confiança de 95%.
Mineração: mais benefícios ou malefícios?
Segundo os dados, 66% dos entrevistados acreditam que a mineração traz mais benefícios do que prejuízos para Barão de Cocais. Por outro lado, 27% dos moradores apontam que a atividade causa mais malefícios, talvez pelo impacto ambiental e outros riscos. Um total de 7% não soube ou preferiu não responder.
Mineradoras em destaque: Vale lidera nas duas pontas
Quando questionados sobre qual mineradora mais contribui positivamente para a cidade, 43% dos entrevistados citaram a Vale, seguida por GSM (26%) e MR (17%). A Bassari também foi mencionada por 9% dos participantes.
Quando o foco muda para os impactos negativos, a Vale novamente lidera com 13%, seguida pela Gerdau (8%) — apesar de, essa última, ser uma empresa siderúrgica.
Mineração e siderurgia
Barão de Cocais, localizada no coração de Minas Gerais, possui uma economia marcada pela mineração e siderurgia. Com uma população de 30.778 habitantes, segundo o censo de 2022, a cidade é impulsionada basicamente por essas atividades.
De acordo com o Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), Barão de Cocais já figurou como a quarta cidade mais desenvolvida do estado em 2014, com mais da metade de sua receita municipal proveniente do setor mineral e siderúrgico.
Impacto da Gerdau
A Gerdau, uma das principais empresas siderúrgicas do país, recentemente anunciou a paralisação das operações de sua usina em Barão de Cocais.
A planta, que representava menos de 3% das operações da empresa no Brasil, foi afetada pela alta competitividade do mercado de aço chinês e pelos elevados custos de produção.
A desativação da usina gerou um clima de apreensão, com o deslocamento e demissões em massa de colaboradores. A notícia pegou a população de surpresa, a ponto de o prefeito classificar a decisão da empresa como “traição”.
Atuação da Vale
A Vale, maior mineradora presente na região, também tem um longo histórico no município. Em agosto de 2024, a empresa anunciou o repasse de R$ 527 milhões a título de reparação dos impactos causados pelo risco de rompimento da barragem Sul Superior em 2019.
O acordo, firmado junto ao Ministério Público, contempla ações de compensação e desenvolvimento em áreas como turismo, cultura, serviços públicos e assistência social.
Desde o incidente de 2019, a Vale investiu cerca de R$ 90 milhões em Barão de Cocais. A barragem Sul Superior está desativada desde 2008 e segue em processo de descaracterização, com conclusão prevista para 2029.
Arrecadação com CFEM: um termômetro do desempenho econômico
A arrecadação com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) em Barão de Cocais reflete a dependência da cidade em relação à mineração. Em 2024, até agosto, o valor arrecadado foi de R$ 39.196.937,60, enquanto que em 2023 o total foi de R$ 51.897.588,11.
Os dados são da ANM.
A pesquisa da DATAMG revela que, apesar dos desafios, a mineração continua a ser percebida como um pilar essencial para a economia de Barão de Cocais.
A complexa relação entre os benefícios e os impactos da atividade talvez seja um reflexo dos dilemas enfrentados por comunidades dependentes desse setor em Minas Gerais e em todo o Brasil.