O Guia Michelin, uma das principais referências quando se fala em alta gastronomia, definiu a chef de cozinha carioca, Kátia Barbosa, como a “Rainha da Comida Popular Brasileira”. Imbatível nessa categoria, a cozinheira também é responsável por transformar a famosa feijoada do Rio de Janeiro em um petisco. O bolinho de feijoada foi criado quando ela ainda começava sua carreira em um pequeno botequim, na Praça da Bandeira.
De lá para cá, Kátia Barbosa conquistou o país. Além de comandar quatro empreendimentos gastronômicos, a chef ainda encontra tempo para participar de programas de TV, séries, comerciais e festivais de culinária. Dentre os trabalhos mais recentes estão a passagem como jurada do programa Mestre do Sabor, da TV Globo, e a série Receitas da Floresta, capitaneada e patrocinada pela Vale.
Em Itabira desde a noite da última quinta-feira, 1 de agosto, Kátia Barbosa vem se apaixonando ainda mais pela comida mineira. Ela veio à cidade como convidada especial da 3ª edição do Festival Gastronômico Sabores de Itabira. Na noite de sexta (2), ela realizou uma palestra especialmente para uma plateia formada por profissionais da gastronomia itabirana. Ao longo de todo o sábado (3), ela conheceu e experimentou algumas das delícias servidas no Festival.
Kátia e sua alegria contagiante
Simpática e sorridente, Kátia Barbosa deu uma entrevista exclusiva para o Cidade e Minerais. Ela contou que essa é a primeira vez que vem a Itabira. “Eu imaginava a cidade completamente diferente do que vi. Na minha cabeça, era uma cidade histórica e pequena. Cheguei aqui e me deparei com uma cidade grande, movimentada, estruturada e fiquei positivamente impressionada”.
Outra coisa que a chef já tinha imaginado é que seria muito boa a sua participação no Festival Sabores de Itabira. “Eu tinha certeza que seria algo muito legal, mas fiquei surpreendida de ter sido idealizado por uma ONG, como o Instituto ITI. É um evento grande para quem está apenas na terceira edição. Quando pensamos em festivais gastronômicos, imaginamos várias entidades envolvidas. E a iniciativa partir de uma ONG, assim como sua produção e realização, é um grande feito. Achei o trabalho inspirador, organizado, bem arraigado e muito bem pensado”, confessou.
Para Kátia, que não tem nenhuma raiz mineira, a gastronomia local é insuperável. “Minha relação com a comida mineira é de total tesão. É o povo, no Brasil, que cozinha melhor, porque respeita a tradição. Isso é muito raro, muito diferenciado. A grande admiração que tenho por Minas Gerais é esse respeito com a cozinha afetiva, com os ingredientes e, principalmente, com a história. Não dá para brincar com a comida do mineiro. Eu acho maravilhoso! Eu fui num self-service aqui e comi que nem uma louca”, se diverte às gargalhadas.
Empreender com sorte e dedicação
A cozinheira detalha um pouco da sua visão sobre empreender na área gastronômica. Ela reforça é deve ser um somatório entre sorte e dedicação.
“Eu vim falar sobre os prazeres e as dificuldades de ser um empreendedor. Antes de se abrir um restaurante, uma padaria ou uma loja de doces, você precisa ter o prazer de servir. Se servir é algo de que você não gosta, você não deve trabalhar com comida. Gostar de olhar para a cara das pessoas quando elas estão comendo e ver que você acertou… não tem preço. A resposta é muito rápida. Nem sempre ela vem do ganho financeiro. A resposta do trabalho de quem vive de cozinhar está no cliente que retorna várias vezes. Isso é sensacional”.
Kátia sabe que sua carreira é uma inspiração para quem ainda está decidindo abrir o próprio negócio, mas diz que o exemplo a ser seguido é o da dedicação. “A gente tem que ter em mente que temos muito para aprender e o Brasil muito para ensinar. Acho que a inspiração pode vir da atitude, mais do que da receita ou da comida. É a atitude de cozinhar, a atitude de ter coragem de se dedicar”, frisa.
Além disso, a mestra do sabor também acredita que um pouquinho de sorte não faz mal a ninguém. “Tudo na vida tem uma parcela de sorte e outra de preparo. Para quem quer empreender, se prepare. Estude, desvende todos os mistérios daquele produto que você vai desenvolver, aprenda todas as receitas que você puder, se empenhe nisso, se dedique, seja inteirado e se sinta seguro. Aí, vai lá na tua verdade e pode ter certeza que vai dar certo. E, quando a oportunidade pintar, não abandone”, aconselha.
Kátia usa a própria história de vida como exemplo da equação sorte + trabalho = oportunidade.
“Eu tive a sorte de alguém levar o Claude Troisgros no meu restaurante e ele gostar da minha comida. A sorte, foi ele estar lá. Servir uma comida que ele admirasse, foi trabalho”, recorda.
Ingrediente especial
Como todo bom cozinheiro, a chef Kátia Barbosa também tem seu ingrediente secreto para deixar a comida ainda mais deliciosa. E ela faz questão de revelar qual é: “o prazer que eu tenho em cozinhar. Eu gosto de cozinhar. É na cozinha que eu resolvo meus problemas, minhas dores. Eu me emociono quando falo a respeito porque é de fato isso. Quando eu estou mal, é cozinhando que eu me curo”.
Com o mesmo sorriso que começou a entrevista, Kátia a finaliza. “Quando você consegue entender o que te faz bem, o que te conforta, você vai bem. Graças à Deus que o que eu faço para ganhar a vida é uma coisa que me dá muito prazer. O grande barato da minha comida é o amor pela cozinha. A comida é a mais gostosa forma de resistência e de honrar nossos ancestrais”.
Festival Sabores de Itabira
O Festival Gastronômico Sabores de Itabira acontece até esse domingo, 4 de agosto. Confira a programação completa!