Em Barra Longa, cidade da região Central de Minas Gerais, a rotina de fiéis católicos mudou drasticamente desde que a Igreja de São José, um dos marcos históricos do município, foi interditada. Há quase oito anos, o templo permanece fechado, cercado por tapumes, com a estrutura comprometida e sem previsão concreta de início das obras de restauração.
A edificação do século XVIII, tombada como patrimônio histórico municipal desde 2002, sofreu danos severos atribuídos ao tráfego constante de veículos pesados da mineradora Samarco, mobilizados nas ações pós-rompimento da barragem de Fundão, em 2015. Segundo a Arquidiocese de Mariana, os abalos estruturais resultantes dessas operações tornaram o espaço inviável para uso religioso.
Responsabilidade da reforma da igreja é da Samarco, afirma Ministério Público
De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, cabe à Samarco a responsabilidade pela restauração da igreja, conforme estipulado no acordo de repactuação firmado em 2024. Esse documento determina obrigações das empresas envolvidas na tragédia de Mariana, incluindo reparações de caráter cultural e patrimonial.
A Paróquia de São José, criada oficialmente em 21 de outubro de 1741 após a doação de terras por uma viúva de coronel local, é considerada um símbolo da história religiosa da cidade. Estima-se que a igreja tenha sido concluída entre 1748 e 1774, embora não haja registro oficial da data exata de sua finalização.
Enquanto a espera por um desfecho se prolonga, os fiéis continuam celebrando missas, batizados e casamentos de forma improvisada no salão paroquial. A comunidade cobra das autoridades e da mineradora um posicionamento definitivo para garantir a preservação de um dos maiores símbolos da fé e da história local.