O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, fez um discurso contundente nesta terça-feira (27), durante o Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos 2025, em Brasília. Segundo ele, o Brasil vive um momento decisivo que exige protagonismo na nova ordem global marcada pela transição energética e pela valorização dos recursos minerais estratégicos.
Jungmann lembrou que essa nova realidade é comparável a um “renascimento”, não apenas econômico, mas também geopolítico, científico e tecnológico. “Estamos diante de uma reconfiguração global, onde minerais como o nióbio, o lítio, o cobre e o grafite assumem papel central na transição energética e na segurança industrial das nações. Isso nos exige visão estratégica e ação coordenada”, destacou.
Corrida global por minerais críticos exige ação imediata do Brasil
De acordo com Jungmann, países como os Estados Unidos, Canadá, Austrália e membros da União Europeia já estabeleceram políticas públicas robustas para garantir acesso e controle sobre minerais críticos. Ele citou, inclusive, que a Agência Internacional de Energia projeta que o mercado global de minerais estratégicos salte de US$ 132 bilhões em 2023 para mais de US$ 1,1 trilhão até 2030.
“O mundo inteiro está se movimentando. O Brasil precisa deixar de ser apenas uma promessa e se tornar uma realidade concreta nesse novo mapa geoeconômico dos minerais”, alertou.
Ele também mencionou o encontro com o presidente do BNDES e o ministro de Minas e Energia, reforçando a necessidade de ampliar o financiamento ao setor e estruturar uma política industrial voltada à agregação de valor e ao domínio tecnológico.
Jungmann defende ações em três frentes: mapeamento, licenciamento e financiamento
Durante sua fala, Raul Jungmann apontou três pilares fundamentais para que o Brasil aproveite seu potencial dos minerais críticos:
Conhecimento geológico: Apenas 30% do território nacional foi mapeado com profundidade. “É preciso investir em pesquisa e geociência para sabermos, de fato, o que temos no subsolo brasileiro”, afirmou.
Agilidade no licenciamento: O executivo defendeu uma regulamentação mais eficiente e responsável. “Avançamos com a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, mas ainda enfrentamos gargalos que afastam investimentos e atrasam projetos sustentáveis”, pontuou.
Financiamento estruturado: Segundo ele, o país precisa de políticas que incentivem a exploração responsável e o processamento local. “Hoje, ainda exportamos muitos minérios in natura. Temos que agregar valor e transformar nossa vantagem mineral em desenvolvimento industrial.”
Nova política nacional de minerais estratégicos será prioridade
Ao fim de sua fala, Jungmann anunciou que o IBRAM trabalha junto ao Ministério de Minas e Energia para lançar, ainda neste segundo semestre, uma Política Nacional de Minerais Estratégicos. A proposta deve orientar ações governamentais e privadas, incluindo incentivos à cadeia de suprimentos, educação tecnológica, pesquisa aplicada e integração com a política climática.
“Estamos diante de uma explosão de demanda. O Brasil tem o que o mundo precisa, mas precisa decidir se vai apenas assistir ou liderar esse processo”, concluiu.