Nos últimos anos, minerais como cobre, níquel, grafite, cobalto, lítio e terras raras têm se destacado por seu papel essencial na produção de tecnologias para energia limpa, como painéis solares, baterias de carros elétricos e turbinas eólicas.
De acordo com a International Energy Agency (IEA), a demanda global por minerais críticos para a transição energética deverá dobrar até 2030 e triplicar até 2040, com a crescente utilização de fontes de energia renováveis. Em 2022, oito em cada dez novas fontes geradoras de energia instaladas no mundo eram de fontes limpas, reforçando o impacto da transição para uma economia de baixo carbono.
O Brasil como protagonista na cadeia de valor dos minerais críticos
Nesse cenário de crescente demanda, o Brasil surge como um dos maiores potenciais produtores globais de minerais críticos para a transição energética. Um relatório da consultoria Deloitte, em parceria com a AYA Earth Partners, aponta que, com investimentos estratégicos na produção e no beneficiamento de minerais, o Brasil pode se consolidar como um player fundamental no fornecimento global desses recursos.
O estudo revela que, se o Brasil investir no beneficiamento dos minerais que já extrai, separando os materiais valiosos dos rejeitos, o setor pode gerar uma adição de até R$ 30 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2030. Quando se considera o impacto em outras atividades econômicas, esse valor pode chegar a R$ 42 bilhões. Em um cenário mais amplo, com investimentos em novas minas e maior agregação de valor, o impacto econômico pode alcançar até R$ 233 bilhões até 2050.
O papel estratégico do Brasil
Além de investir no beneficiamento, caso o Brasil avance para a etapa seguinte do processo e comece a refinar esses minerais, o impacto econômico pode ser ainda mais significativo. O refino é uma etapa crucial para agregar valor aos minerais extraídos, e essa estratégia pode resultar em um impacto de até R$ 243 bilhões nos próximos 25 anos, consolidando o país como um polo de produção e refino de minerais essenciais para a economia global.
Atualmente, o Brasil possui cerca de 10% das reservas globais de minerais críticos, incluindo as maiores reservas de nióbio do mundo, a segunda maior reserva de grafite e a terceira maior de terras raras e níquel. Além disso, o país tem abundância de lítio, cobre e cobalto, minerais essenciais para as tecnologias emergentes. No entanto, o Brasil responde atualmente por apenas 0,09% da produção mundial desses minerais, apesar de seu grande potencial de reservas.
Estratégias para fortalecer a posição do Brasil no mercado global
A recente classificação de minerais estratégicos, que divide os recursos em três grupos — essenciais para setores econômicos, para produtos de alta tecnologia, e aqueles com vantagens competitivas para o superávit comercial — reforça ainda mais a importância de se desenvolver uma cadeia de valor robusta no Brasil.
O país tem uma oportunidade única de aumentar sua produção e refino de minerais críticos, não apenas para atender à demanda interna, mas também para se tornar um fornecedor global de minerais essenciais para as tecnologias de energia limpa.
A chave para esse sucesso será um esforço coordenado entre o governo, empresas e investidores para aproveitar as vastas reservas de minerais críticos e avançar nas etapas de beneficiamento e refino.