Minas Gerais abriga um dos maiores depósitos de titânio já identificados no mundo — e ele está em Tapira, no Triângulo Mineiro. Com mais de 200 mil toneladas do metal já estocadas desde 1978, a reserva representa uma chance única de o Brasil ocupar uma posição de destaque na produção global deste recurso estratégico, fundamental para setores como o aeroespacial, médico e de alta tecnologia.
Apesar de conhecido desde os anos 1960, o potencial da jazida permaneceu inexplorado por décadas devido à complexidade do beneficiamento do principal mineral presente no local, o anatase. Ao contrário da ilmenita e do rutilo, minerais mais comuns e fáceis de processar, o anatase exige tecnologia mais avançada e investimentos de grande porte para ser economicamente viável.
Horizonte de Titânio pode mudar protagonismo mineral do Brasil, mas desafio tecnológico pode emperrar essa ação
Localizado no Complexo Alcalino Ultramáfico de Tapira, uma formação geológica com 35 km² rica também em fosfato e nióbio, o chamado “Horizonte de Titânio” surgiu do intemperismo de rochas ao longo de milhões de anos. Essa camada superficial de alta concentração do metal é hoje o centro das atenções de investidores e especialistas.
A combinação de uma demanda crescente no cenário internacional e a movimentação de novos aportes na região reacendeu o interesse pela exploração da jazida. A expectativa é de que, com avanços tecnológicos, o Brasil possa finalmente destravar essa riqueza natural e ingressar no seleto grupo de nações com produção significativa de titânio.
A maior barreira para transformar Tapira em um polo produtor de titânio está no desenvolvimento de um processo de beneficiamento eficaz e financeiramente viável para o anatase. Enquanto essa solução não chega, o Brasil segue com um verdadeiro tesouro mineral ainda à espera de ser explorado — uma oportunidade que, se concretizada, pode reposicionar o país no mapa global dos metais estratégicos.