Com foco em acessibilidade, inclusão, ética, educação e diversidade, o Flitabira abre, oficialmente, sua 4ª edição. A Feira Literária Internacional de Itabira começou na noite de quarta-feira, 30 de outubro, em novo local. Dessa vez, o teatro e a biblioteca da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade recebem as mesas redondas e rodas de conversa. Ao lado do Centro Cultural, uma grande estrutura foi montada para abrigar os espaços de venda e lançamento de livros; feira de economia criativa; praça de alimentação e coreto para apresentações musicais.
Outra novidade é no time de curadores do Flitabira. A escritora Bianca Santana, autora dos sucessos “Quando me descobri negra” e “Continuo preta”, se junta ao idealizador e presidente do Festival, Afonso Borges; Sérgio Abranches; Tom Farias; Leo Cunha; e a professora itabirana Sandra Duarte.
Solenidade de abertura do Filtabira
Na noite de quarta-feira (30), além do corte de fita inaugural da Livraria do Flitabira, aconteceu a abertura oficial do evento com a presença dos seis curadores; o prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage; e Wagner Tameirão, gerente do Memorial Minas Gerais Vale, representando o Instituto Cultural Vale, patrocinador do evento.
Esse ano, o Flitabira tem como tema “Literatura, Amor e Ancestralidade” e, como ponto alto, a homenagem a Maria Gregória Ventura, a Dona Tita, matriarca centenária do Quilombo Morro Santo Antônio, em Itabira. O Festival irá exibir o documentário “Tita: 100 anos de luta e fé” que retrata a vida e o legado da quilombola, que completa 100 anos de idade em 2024. Por fim, Afonso Borges adiantou que, em 2025, o Flitabira retorna graças ao patrocínio – já confirmado – do Instituto Cultural Vale.
Solidão e coragem
Uma das principais atrações deste ano, entre os escritores, é a velejadora paulistana Tamara Klink, filha de Amir Klink. Ela esteve na roda de conversa que abriu o evento e, na tarde de quinta-feira (31), em um segundo bate papo. Considerada a mais jovem brasileira a fazer, de maneira solitária, a travessia do Oceano Atlântico, Tamara relatou sua experiência em três livros.
Durante suas participações, ela contou que as histórias contadas pelo pai e os livros dele sobre o mar, as navegações e como velejar. “Crescendo em São Paulo, no meio de carros, eram os livros que me lembravam de que o mar existia e que era possível navegar. Esse também é um poder dos livros, de criar o desejo nas pessoas”, recordou.
Tamara também falou sobre os processos que viveu enquanto organizava sua viagem e como se sentiu antes, durante e depois dela terminar. A escritora e navegadora fez questão de falar sobre os medos, inseguranças e planejamentos necessários para um projeto tão grande. E também sobre os discursos carregados de preconceitos por ser uma mulher jovem, realizando sozinha a travessia.
“Mesmo bem intencionados, são discursos que reforçam que a mulher deve ficar em casa, trancada na gaveta da cozinha. Existem esses discursos desencorajadores, que nos objetificam, que se acham no direito de nos diminuir. Não temos que ouvir as vozes que vão limitando nossos prazeres, que nos barram do direito de também querer partir”, finalizou.
Quem passou pelo Flitabira
Já nesses primeiros dias uma infinidade de escritores, autores e estudiosos passaram pelas mesas de debates e rodas de conversa do Flitabira. Entre os nomes singulares da literatura em língua portuguesa contemporânea , destaque para o escritor português Valter Hugo Mãe; e os brasileiros Itamar Vieira Junior, Morgana Kretzmann; Bianca Santana; Tino Freitas; Paloma Jorge Amado; Alessandra Roscoe; e Ricardo Ramos Filho.
O evento também recebeu as pesquisadoras da obra de Carlos Drummond de Andrade Solange Duarte Alvarenga, Delci Cristina e Leda Lage. E os poetas itabiranos Maria Lada e Toninho Aribati.
E, na noite de quinta-feira (31), uma das autoras mais aguardadas desta edição: Conceição Evaristo. A imortal da Academia Brasileira de Letras foi a atração principal da roda de conversa que encerrou a programação do segundo dia de Festival. Com o teatro da FCCDA lotado, Conceição, Itamar Vieira Júnior e Ricardo Ramos Filho falaram sobre o tema deste ano “Literatura, Amor e Ancestralidade”.
“Me tornei escritora quando o público passou a me acolher. Quem me dá o status de escritora é quem me lê. E eu percebo que cada vez mais esse público tem aumentado e tem se diversificado. (…) A literatura nos dá a possibilidade desse encontro humano, dessa troca de afeto”, concluiu Conceição Evaristo.
A programação completa do 4.º Flitabira está disponível no site do Festival. Clique aqui e confira!