Uma vistoria realizada recentemente por técnicos da Agência Nacional de Mineração (ANM) constatou o surgimento recorrente de trincas na Barragem Sítio 2, em Santa Bárbara. Acompanhados de agentes da Defesa Civil do município, os técnicos identificaram a necessidade de obras na estrutura de responsabilidade da Anglo Gold Ashanti. Com a instabilidade, a barragem foi elevada a Nível 1 de emergência no Plano de Segurança de Barragens.
De acordo com os critérios da ANM, o Nível 1 de emergência é atribuído a estruturas com categoria de risco alto ou quando são detectadas anomalias. Também é atribuído a qualquer outra situação com potencial de comprometimento de segurança no local. Já quando elevado a Nível 2, é necessária a retirada da população das áreas do entorno da barragem. O Nível 3, o mais grave, é atribuído a situação já de rompimento.
A estrutura em Santa Bárbara comporta cerca de 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos e sua capacidade é próxima a da que rompeu em Brumadinho, em 2019, segundo a ANM. O órgão estima que até 5 mil pessoas possam ser atingidas de forma imediata em caso de rompimento. Os riscos ambientais, de infraestrutura e socioeconômico nessa situação são altos, já que há concentração de residências, plantios, indústrias e vias públicas abaixo da barragem.
Monitoramento
Embora descarte risco iminente de rompimento, a AngloGold Ashanti informou que estabeleceu o Nível 1 de Emergência para a barragem de forma preventiva. A mineradora também diz que monitora as trincas. Veja o comunicado na íntegra.
De acordo com a Defesa Civil de Santa Bárbara, é a segunda vez que são identificadas trincas e abatimentos na estrutura. A primeira havia sido em outubro do ano passado. As trincas descobertas em 2022 tinham 12 centímetros de largura por 60 metros de comprimento. Atualmente chegaram a dois centímetros de largura e 300 metros de comprimento.
Medo de tragédia
O dirigente do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) na região do Caraça, Luiz Paulo Siqueira, diz que a população desconfia da estabilidade da barragem. Ainda que a mineradora descarte risco de rompimento imediato, ele afirma que as pessoas na cidade têm medo de que ocorra uma tragédia.
“As ocorrências de trincas extensas e profundas em menos de um ano não podem ser tratadas como algo comum. Não ocorre isso em outras barragens. Não confiamos nos laudos da empresa. Em Santa Bárbara há recorrência de problemas de estruturas da AngloGold Ashanti que trouxeram instabilidade e insegurança para as famílias. Muitas pessoas até vivem sob medicamentos (psiquiátricos) por conta desse pavor”, disse Siqueira ao Portal do Jornal Estado de Minas, em reportagem divulgada nesta sexta-feira (2).
A Defesa Civil disponibiliza 24h em Santa Bárbara o número (31) 3832-4865 para atendimento de emergências. Os cidadãos também podem fazer contato por e-mail: [email protected].