A água é fundamental para a vida na Terra, essencial não apenas para a sobrevivência humana, mas também para todos os ecossistemas e para o funcionamento da economia global. Ela é utilizada em quase todas as atividades humanas – se não todas, incluindo agricultura, indústria, geração de energia e consumo doméstico.
Sob o enfoque de sua essencialidade, transcende sua classificação como um mero recurso natural para ser considerada um bem estratégico e crítico, fundamental para a segurança nacional, a economia e a saúde pública em escala global.
O mundo está, hoje, em busca frenética de minerais estratégicos para a transição energética, a mais recente chamada das grandes economias para as conquistas dos necessários aportes para o vibrante avanço tecnológico que experimentamos.
A busca global por minerais estratégicos tem-se intensificado devido à crescente demanda por tecnologias verdes e dispositivos eletrônicos. Essa corrida não só impulsiona a exploração mineral, mas também acirra tensões geopolíticas e pressiona cadeias de suprimentos globais, especialmente em contextos onde a concentração geográfica da oferta é alta.
A importância desses minerais pode derivar de seu uso em aplicações críticas, como defesa, tecnologia avançada ou infraestrutura.
Dentre os estratégicos, há os minerais críticos, cujo fornecimento pode estar em risco devido a fatores como escassez de recursos, localização geográfica de minas, políticas comerciais, e outros desafios regulatórios ou ambientais. Além disso, a avaliação crítica também vem da dificuldade de substituição e da importância vital desses minerais para a economia ou funcionalidade de setores-chave.
Minerais estratégicos são os vitais para a segurança nacional e a economia de um país, mas não necessariamente sujeitos a riscos de fornecimento, dependendo dessa classificação o momento e a necessidade de sua utilização, e sua disponibilidade no planeta.
E onde está a água neste contexto?
Embora a água não seja tecnicamente classificada como um “mineral” nos termos geológicos ou comerciais, ela pode ser considerada tanto um recurso estratégico quanto crítico devido à sua importância para a segurança nacional, economia e saúde pública.
E está diretamente atrelada à transição energética pretendida pelo mundo moderno, sendo parte da geração desta nova dinâmica e recebendo os resultados dos processos que a compõem.
A água é estratégica porque é vital para a segurança nacional de qualquer país. A dependência de fontes de água seguras e sustentáveis é fundamental para manter a soberania nacional, a saúde pública e a estabilidade econômica. A água também pode ser vista como um recurso crítico devido à sua vulnerabilidade em qualquer parte do planeta e à sua escassez em outras tantas partes do mundo. A distribuição desigual da água doce, combinada com ameaças de contaminação, superexploração e alterações climáticas, aumenta a criticidade deste recurso.
A segurança hídrica é fundamental para a soberania de qualquer nação. Fontes de água seguras e sustentáveis são vitais não apenas para o consumo humano direto, mas também para atividades essenciais como agricultura, produção industrial, e geração de energia. A dependência dessas fontes torna a gestão da água uma questão de segurança nacional, impactando diretamente a estabilidade econômica e social.
A crise climática global, exacerbada pelo aquecimento global, desmatamento e poluição, tem impactos diretos e profundos na disponibilidade e qualidade das águas no mundo. Mudanças no padrão de precipitação afetam a recarga de rios e aquíferos; aumentos de temperatura podem reduzir a disponibilidade de água doce ao aumentar as taxas de evaporação; eventos climáticos extremos, como secas e inundações, podem contaminar reservatórios e reduzir a qualidade da água disponível para consumo e uso industrial.
A contaminação das águas superficiais, rios, lagos e reservatórios, por poluentes industriais, agrícolas e domésticos pode levar à eutrofização, reduzindo a biodiversidade aquática e a qualidade da água para consumo humano.
A superexploração de aquíferos pode resultar em subsídios e salinização, especialmente em áreas costeiras, comprometendo a sustentabilidade dessas fontes vitais para o longo prazo.
A degradação de geleiras e calotas polares, que são reservatórios naturais de água doce, também é uma preocupação crescente, pois afeta a disponibilidade de água doce a longo prazo em muitas partes do mundo.
Garantir a gestão sustentável da água requer a implementação de práticas que maximizem a eficiência do uso da água, minimizem a poluição e promovam a recarga de fontes naturais.
Diante da incerteza sobre os impactos futuros das mudanças climáticas na disponibilidade de água, os princípios de precaução e prevenção são de aplicabilidade e exigência essenciais. Isso significa proteger as fontes de água antes que a degradação ocorra e implementar estratégias proativas para mitigar os riscos associados à escassez de água.
De fato, o momento é de extrema atenção. A distribuição desigual da água doce e os crescentes desafios ambientais exacerbam a criticidade deste recurso. Alterações climáticas globais, manifestadas por mudanças nos padrões de precipitação e aumento de eventos extremos como secas e inundações, exacerbam a pressão sobre os sistemas hídricos já frágeis, afetando sua qualidade e disponibilidade.
A crise hídrica atual exige uma reavaliação de como a água é utilizada nos processos industriais. Conceitos modernos de sustentabilidade enfatizam a necessidade de práticas industriais que minimizem o consumo de água e maximizem a reciclagem deste recurso. A implementação de tecnologias de “água zero”, que visam eliminar a descarga líquida de resíduos, é um exemplo de como as indústrias podem contribuir para a sustentabilidade hídrica.
Do ponto de vista antropológico e filosófico, a água é mais do que um recurso: é um elemento vital que conecta todas as formas de vida. A filosofia moderna da sustentabilidade vê a água como um bem comum que deve ser gerido de forma ética e equitativa, garantindo seu acesso universal.
A responsabilidade ambiental não é apenas uma obrigação legal ou ética, mas uma necessidade intrínseca para garantir a continuidade das gerações futuras.
Científica e politicamente, a água é um bem essencial à vida e sua gestão sustentável pode ser considerada um recurso estratégico para qualquer nação.
A gestão eficaz e sustentável da água é um imperativo global para garantir a segurança, saúde e prosperidade das futuras gerações. A crise climática exige uma resposta coordenada e integrada que aborde tanto as causas quanto os efeitos da escassez de água, garantindo que todos tenham acesso a fontes de água limpa e segura. A colaboração internacional, o investimento em tecnologias de economia de água e o fortalecimento das políticas de gestão de água são fundamentais para enfrentar esses desafios.
A gestão da água, quando abordada sob uma perspectiva multidisciplinar que incorpora conhecimento científico, responsabilidade social e filosofia sustentável, reflete a complexidade e a importância deste recurso para a humanidade. Assegurar que a água seja preservada e utilizada de maneira consciente e sustentável é uma das maiores responsabilidades contemporâneas, indispensável à manutenção da vida e da saúde do nosso planeta.