Em meio às montanhas de Minas Gerais, onde a história se reflete no ouro e no barroco, Mariana se reinventa. Após o desastre do rompimento da barragem de Fundão, em 2015, que atingiu a cidade com rejeitos de minério, fragmentos do passado, símbolos da cultura local, começam a ser restaurados por mãos que buscam devolver à cidade a sua memória e identidade.
Restauração de Relíquias em Mariana: 2.500 peças de arte e história recuperadas
Nos últimos nove anos, mais de 2.500 peças históricas e religiosas afetadas pelo desastre têm sido cuidadosamente restauradas como parte de um processo de reparação. Cada peça recuperada não é apenas um objeto artístico, mas um testemunho da força de um povo que resiste e reconstrói, mantendo viva sua história e cultura.
No coração de Mariana, a Reserva Técnica foi criada como um local dedicado à preservação desse acervo inestimável. Ali, uma equipe multidisciplinar composta por historiadores, restauradores, arqueólogos e especialistas em arte sacra trabalha incessantemente para recuperar imagens e entalhes danificados pelos rejeitos.
O projeto começou logo após o desastre, em 2015, quando a comunidade local, apoiada por profissionais especializados, iniciou o resgate das peças. Com a assinatura do primeiro acordo de reparação em 2016, o processo de restauro ganhou forma e apoio, incluindo a parceria com o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
Até outubro de 2024, cerca de R$ 26 milhões foram investidos nesse processo de recuperação, um reflexo do compromisso com a preservação do patrimônio histórico e cultural de Mariana. Contudo, esse trabalho vai além da simples restauração material das peças. Ele representa também a reconstrução de uma comunidade, da reconstrução das memórias que foram parcialmente apagadas pela tragédia.
É uma forma de garantir que as futuras gerações conheçam e valorizem a rica história de Mariana, um lugar que, mesmo diante de tanta destruição, ressurge com força e esperança.
