O presidente do Sindicato Metabase de Itabira e da Região, André Viana Madeira, se encontrou com o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira e o convidou para ir a Itabira debater um novo modelo de mineração. Eles estiveram presentes no Seminário de Investimentos, Governança e Aspectos Jurídicos da Previdência Complementar (Siga), nesta quinta-feira (5), no Rio de Janeiro. O evento foi promovido pela Previ, a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil.
Viana, também membro do Conselho de Administração da Vale, destacou que o principal tema em pauta foi de grande interesse dos trabalhadores da mineração e também dos aposentados e pensionistas da Valia: “como conciliar o sucesso econômico e os aspectos Ambientais, Sociais, de Governança e Integridade (ASGI) nos investimentos no país”.
O fórum contou com a participação de representantes de entidades sindicais e outras instituições ligadas aos direitos dos trabalhadores. O debate abordou temas contemporâneos com o objetivo de incentivar as boas práticas de governança nas empresas e em sociedade, segundo a avaliação do Metabase.
Natural do Serro – município onde a mineradora Herculano pretende abrir uma nova mina, gerando conflitos com segmentos da sociedade local – o ministro Alexandre Silveira tratou do tema “sustentabilidade” com o presidente do sindicato Metabase. A região já é impactada pelo empreendimento Minas-Rio, da Anglo American, em Conceição do Mato Dentro, e pode ter ainda o desenvolvimento do Projeto Serra da Serpentina, da Vale, em estudos de viabilidade de implantação (saiba mais).
“Está cada vez mais evidente a necessidade de produzir e extrair minerais com baixa emissão de carbono na atmosfera, como meio de reverter o quadro sinistro que assusta a humanidade, já com reflexos nos dias atuais, com elevação da temperatura e eventos climáticos extremos, causando muita destruição e mortes”, ressume o sindicalista.
Também foram assunto outros conflitos entre mineradoras e comunidades de outras Cidades e Minerais, como Mariana, Ouro Preto, Santa Bárbara, Nova Lima, Congonhas e Itabira, especialmente sobre o risco das barragens de rejeitos no período chuvoso.
“Já estamos acertando as nossas agendas para que essa vinda do ministro à região ocorra o mais breve possível”, concluiu o presidente do Metabase.
Presidente do Metabase cobra ESG
Após a conversa, André Viana diz ter ficado claro que o país deseja um novo modelo de mineração, não predatório, fundamentado no tripé do ESG (Environmental, Social and Governance / Ambiente, Social e Governança, traduzido), respeitando um conjunto de práticas criadas com o objetivo de orientar as empresas para ações mais sustentáveis.
Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2004, com participação de instituições financeiras de nove países, incluindo o Brasil, o conceito se transformou em um novo esforço das empresas responsáveis que buscam de fato um novo modelo de produção e relacionamento com a sociedade.
“No caso da mineração, isso passa pelo respeito e reconhecimento da importância dos municípios minerados, como é o caso de Itabira, que há mais de 80 anos produz minério de ferro em larga escala, sem ter as correspondentes contrapartida sociais, econômicas e ambientais por parte da Vale, como também dos governos estadual e federal”, observa Viana.
“A nova mineração que queremos precisa respeitar os territórios minerados, não só com retorno financeiro por meio dos royalties (Cfem), mas também participando de projetos sustentáveis desde já, antes da exaustão mineral que para muitos municípios já está próxima, como é o caso de Itabira”, complementa.
Descarbonização
O sindicalista ainda destaca o papel das mineradoras na descarbonização da siderurgia com a produção do Briquete verde, tendo a capacidade de reduzir em até 10% as emissões de CO2 na atmosfera pelas usinas (saiba mais).
Por fim, Silveira e Viana trataram da imagem negativa que a mineração, especialmente a da Vale, tem no país, mais afetada ainda pelos trágicos acidentes com o rompimento de barragens em Mariana e Brumadinho.
“É preciso alavancar novos projetos estruturantes e sustentáveis nos territórios minerados, começando por Itabira que vive o crepúsculo da mineração, ainda que isso se estenda por um horizonte temporal que vá além de 2041 (…) O futuro é agora e já começou. Não há tempo a perder, precisamos descruzar os braços e reivindicar o que é de direito desses municípios minerados que sofrem com os impactos negativos de uma mineração ainda predatória”, defende o sindicalista.