Serra do Curral: investigação da PF revela exploração ilegal e impacto irreversível no córrego Taquaril

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O que antes era nascente de vida tornou-se símbolo de um colapso ambiental. O córrego Taquaril, que nascia no alto da Serra do Curral e seguia serpenteando Belo Horizonte até o rio São Francisco, teve sua origem completamente eliminada. A responsável, segundo a Polícia Federal (PF), é a mineradora Empabra, investigada por operar ilegalmente em uma área protegida sob o pretexto de recuperação ambiental.

Uma “distopia ambiental” no coração de BH

A palavra escolhida pela PF para definir o ocorrido é forte: “obliterar”. O termo, que significa eliminar ou destruir completamente, traduz o que teria acontecido com o Taquaril desde que a Empresa de Mineração Pau Branco (Empabra) iniciou, em 2012, uma atividade que deveria ser de recuperação, mas se tornou um ciclo de extração predatória.

De acordo com os investigadores, ao escavar cavas disfarçadas com o nome técnico de “Sump”, a mineradora teria escondido suas intenções reais. Uma dessas estruturas, denominada “Sump 3”, foi aprofundada a ponto de eliminar a nascente do córrego, comprometendo toda a hidrologia da área. Outra, chamada “Sump 4”, avançou cerca de 80 metros abaixo do solo, o que pode ter causado a exposição direta do lençol freático.

O resultado: a nascente secou, o fluxo hídrico foi interrompido e os danos, segundo a PF, podem ser permanentes. O curso d’água, que por séculos alimentou o ribeirão Arrudas e depois o rio das Velhas, hoje não passa de lembrança.

Lucro milionário à sombra da destruição na Serra do Curral

Entre 2012 e 2018, a Empabra teria extraído ilegalmente ao menos 1,1 milhão de toneladas de minério de ferro em uma das regiões mais emblemáticas de Belo Horizonte. A área é tombada, com relevância ecológica e paisagística, mas isso não impediu a exploração clandestina, que se estendeu por 11 anos.

A PF estima que o lucro com essa extração irregular já supera os R$ 700 milhões. Os investigadores ainda apuram a extensão total do dano causado à Serra do Curral — cartão-postal da capital mineira — e à rede hídrica que dela dependia.

Para a Polícia Federal, o caso escancara não apenas uma violação ambiental, mas uma inversão de valores: sob o discurso de recuperação, operava-se um projeto de devastação. O impacto ambiental é classificado como grave, com riscos à recarga hídrica, biodiversidade e à segurança hídrica da própria capital mineira.

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