Relatório aponta necessidade de US$ 5,4 trilhões em investimentos minerais para a transição energética até 2035

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O Future Minerals Forum (FMF), plataforma global dedicada a abordar os desafios e oportunidades no setor de minerais e metais, lançou recentemente, em parceria com renomados think tanks da indústria, o Relatório FMF2024: “Moldando o Futuro dos Minerais”. O documento oferece insights crítico para criar valor compartilhado em todo o ecossistema de mineração. O FMF lidera discussões sobre sustentabilidade e inovação, defendendo práticas de mineração responsáveis que impulsionam o progresso econômico e social.

De acordo com Ali Al-Mutairi, diretor executivo do FMF, o relatório fornece “conteúdo autoritativo que aborda os desafios enfrentados pelo fornecimento de minerais e busca estimular debates sobre os próximos passos durante o FMF em janeiro de 2025.

“A Super Região possui um potencial significativo inexplorado de minerais que podem impulsionar a transição energética global. No entanto, o relatório mostra que será necessário um investimento de capital de US$ 5,4 trilhões para sustentar e expandir as instalações globais de mineração e processamento — quase o equivalente ao PIB combinado do Japão e da Espanha”, diz Al-Mutairi.

De acordo com os organizadores, o relatório apresenta contribuições de defensores reconhecidos globalmente do setor mineral, como Mark Cutifani, presidente da Vale Base Metals, e Dra. Michelle Foss, especialista em energia do Baker Institute, além de especialistas da CRU, Wood Mackenzie, Global AI e Clareo-DPI. No relatório, eles exploram:

  • A contribuição dos minerais para a sociedade
  • A proposta de valor do setor para países fornecedores
  • O esgotamento de recursos e a necessidade de investimentos significativos para alcançar o desenvolvimento e a transição energética
  • A importância de novas formas de parceria para destravar financiamentos
  • Como os benefícios da mineração podem ser compartilhados de forma equitativa com os países anfitriões e comunidades locais
  • Como as percepções negativas sobre a mineração podem reduzir sua aceitação social e dificultar investimentos

Principais insights incluem:

  • Um investimento de capital de US$ 5,4 trilhões será necessário para sustentar e expandir instalações de mineração e processamento — US$ 500 bilhões a mais que na década anterior (2012-2023 vs. 2024-2035).
  • Mais de 90% da massa movimentada envolve carvão, minério de ferro, cobre e ouro.
  • Mais de 70% do capital total será destinado a esses quatro produtos, com aproximadamente 75% voltados para a manutenção de ativos existentes.
  • Apenas a cadeia de valor do aço deverá exigir cerca de US$ 1,6 trilhão em despesas de capital para manutenção.
  • Para alguns minerais críticos, a fase de mineração é onde a maior parte do valor é gerado para os países: 70% do valor do cobalto, 68% do grafite e 54% do lítio são gerados na mineração.
  • Regiões como Ásia-Pacífico, Índia, América Latina e África Subsaariana necessitarão de mais de 40% do investimento total, refletindo a mudança dos fluxos de capital para mercados emergentes.
  • A produção de materiais de cátodo, células de bateria e reciclagem de baterias pode gerar cerca de US$ 800 bilhões em receita anual até 2040.

Sobre a criação de propostas de valor compartilhado nas indústrias de mineração, Mark Cutifani comenta: “No fim das contas, parcerias para criar valor compartilhado e duradouro, além de compromissos com estruturas comerciais sustentáveis, podem atender e até superar as expectativas das partes interessadas. 

“A colaboração entre setores é essencial para atingir as metas globais de descarbonização — não é algo que pode ser alcançado por uma única entidade. É um desafio global e multissetorial que exige colaboração estratégica, especialmente se quisermos avançar rapidamente e alcançar a escala desejada”, afirma o consultor principal da CRU, Ionut Lazar, enfatizando a importância da colaboração.

O relatório também destaca a importância de políticas focadas no crescimento do PIB, geração de empregos e aumento das exportações como essenciais para os países que desejam agregar valor.

“A agregação de valor pode proporcionar uma série de benefícios conhecidos: aumento do PIB, maior receita fiscal devido a uma base tributária ampliada, crescimento das exportações com produtos de maior valor agregado e criação de empregos diretos e indiretos. Mas os países não podem avançar cegamente; seus planos precisam levar em conta as dinâmicas reais de mercado, custos e benefícios para competir por investimentos e gerar valor de fato”, explica o chefe global de Consultoria em Metais e Mineração da Wood Mackenzie, Patrick Barnes.

O cofundador e presidente do Conselho da Development Partner Institute e Clareo, Peter Bryant, diz que o papel do governo e da política industrial é crucial: “Até hoje, a indústria mineral não priorizou efetivamente a prosperidade compartilhada, resultando em uma quebra de confiança com governos e comunidades locais. No entanto, a indústria está em um ponto de inflexão. Empresas estão assumindo a responsabilidade de criar valor compartilhado, colaborando com novos parceiros e em níveis mais profundos. O governo desempenha um papel essencial ao fornecer incentivos ao investimento, sem ser excessivamente prescritivo”.

Quem também enfatiza o papel do governo é a Dra. Michelle Michot Foss, do Baker Institute: “Embora a indústria de mineração possa fazer muito para ajudar a construir benefícios locais e regionais, a responsabilidade recai sobre os governos para garantir que as receitas provenientes de impostos e royalties sejam alocadas de maneira a gerar confiança.” Richard Rothenberg, CEO da Global AI Corporation, acrescenta: “À medida que a demanda por minerais críticos continua a crescer, legisladores e investidores devem priorizar práticas sustentáveis, o engajamento com comunidades e uma governança transparente para garantir sucesso a longo prazo e uma percepção pública positiva”.

O relatório na íntegra pode ser acessado pelo link 

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