Na década de 90, basicamente tínhamos processos simplificados de beneficiamento do minério de ferro. Me lembro perfeitamente da produção de hematita (minério de ferro nobre bem concentrado) sendo extraído em Itabira simplesmente com o processo de britagem e classificação para posterior embarque e exportação pelo modal ferroviário. Tratava-se de uma planta bem robusta com correias transportadoras construídas na década de 80 e que exigiam uma força tarefa enorme com constantes paradas gerais de manutenção, visto que os equipamentos não apresentavam uma confiabilidade extraordinária com inúmeras paradas para manutenções corretivas.
Na medida em que as siderúrgicas do mundo todo foram evoluindo, uma diversidade de materiais (combinações de minérios de ferro) foram surgindo, exigindo alterações das usinas de concentração e desencadeando avanços tecnológicos em prol da mineração. Soluções de engenharia foram criadas para cada situação adversa fazendo com que as atividades de manutenção fossem evoluindo no mesmo ritmo. Hoje temos soluções tecnológicas para quase tudo, mas é preciso ter discernimento por parte das lideranças que são responsáveis pelos processos de manutenção e operação do setor mineral.
Por um lado, vejo soluções que estão à frente do tempo de implantação com a ausência de mão de obra qualificada para tal tecnologia. Ao mesmo tempo vejo a implantação de projetos que simplesmente estão “passando batom no porquinho” com soluções não sustentáveis e não apresentam resultados tendo como objetivo a apresentação de uma imagem apenas. O porquinho de batom fica bonitinho, mas continua sendo um porco e serve apenas para encantar alguém que precisa ser encantado.
Maurício Eleto
Professor, instrutor e especialista em soluções e emergências industriais da ETECMA Soluções.