Duas das maiores siderúrgicas do Brasil, CSN e Usiminas, estão sob investigação pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos por suspeita de prática de dumping — quando uma empresa exporta produtos a preços inferiores aos do mercado interno ou abaixo do valor justo.
Um relatório preliminar aponta que o aço resistente à corrosão vendido por essas companhias estaria sendo comercializado no mercado americano por valores muito abaixo do considerado aceitável pelas normas internacionais.
Percentuais de dumping ultrapassam 130% em análise inicial
Segundo o documento norte-americano, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) teria aplicado uma margem de dumping de 137,76% na venda de seus produtos revestidos. Já para a Usiminas, a taxa identificada foi de 31,53%. Outros produtores brasileiros do mesmo tipo de aço teriam praticado preços com margem de 118,63%, ainda segundo a análise do governo dos EUA.
Esses percentuais, caso confirmados, podem gerar medidas compensatórias, como o bloqueio de liquidações contratuais e a exigência de depósitos como garantia para cobrir eventuais prejuízos causados por preços desleais.
Impacto real pode ser limitado, dizem CSN e Usiminas
Apesar da repercussão, as companhias minimizaram o possível impacto da investigação sobre seus negócios. A Usiminas informou que menos de 2% de suas exportações nos últimos dois anos foram destinadas aos Estados Unidos. Já a CSN afirmou, em teleconferência com investidores, que envia aproximadamente 300 mil toneladas de aço revestido por ano ao mercado norte-americano — um número relativamente pequeno diante das 4,551 milhões de toneladas comercializadas globalmente pela companhia em 2024.
Mesmo com as vendas reduzidas ao mercado dos EUA, a abertura do processo pode influenciar a imagem internacional das empresas e trazer implicações em outros mercados estratégicos, especialmente se confirmada a prática de dumping.