Depois de quase 20 horas de conversas intensas, representantes dos Estados Unidos e da China anunciaram um avanço importante para reduzir as tensões comerciais entre os dois países, que envolve o uso das terras raras. Segundo negociadores dos dois lados, foi definida uma estrutura inicial para aplicar o consenso firmado em Genebra no mês passado, abrindo caminho para uma possível trégua tarifária mais duradoura.
A reunião contou com a participação do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e do negociador-chefe chinês, Li Chenggang. A proposta será levada agora aos líderes de ambos os países. Por ora, não há novos encontros agendados, mas o diálogo deve continuar de forma recorrente, conforme afirmou o representante comercial americano, Jamieson Greer.
Terras raras, tarifas e cadeias globais em jogo
O ponto mais sensível das discussões envolveu o fornecimento de terras raras, materiais fundamentais para a indústria de tecnologia e energia limpa. A China, que detém um controle quase total sobre esse mercado, havia interrompido parte das exportações desses insumos, o que gerou preocupações no setor industrial americano. A retomada desses envios, conforme definido no pacto de Genebra, era uma exigência dos EUA para avançar nas negociações.
Em troca, Washington considera revogar uma série de medidas recentes que impuseram restrições a produtos estratégicos como softwares de chips, peças aeronáuticas e componentes nucleares. A reversão dessas sanções, antes vista como improvável, pode ser uma sinalização clara de desescalada comercial.
Trégua temporária e acordos paralelos
No mês passado, os dois países concordaram em suspender temporariamente as tarifas adicionais por um período de 90 dias, com prazo até meados de agosto, para buscar soluções diplomáticas para os conflitos econômicos. Paralelamente, os EUA aceleram tratativas bilaterais com outras nações como Índia, Japão e Coreia do Sul, visando fechar acordos antes do próximo ajuste tarifário, previsto para 9 de julho.
Enquanto isso, a diplomacia chinesa também se movimenta. O presidente Xi Jinping conversou por telefone com o novo líder da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, reforçando a importância do multilateralismo e do livre comércio para garantir estabilidade nas cadeias de suprimentos globais.
O protagonismo de Howard Lutnick nesta rodada mostra que o foco das conversas migrou para os controles de exportação e cadeias produtivas estratégicas, uma vez que ele não participou das negociações em Genebra. O desfecho ainda depende de decisões políticas nos altos escalões de ambos os governos, mas a sinalização é clara: China e EUA podem estar perto de virar uma página nas disputas comerciais mais acirradas da última década.