A preocupação com a segurança das barragens de mineração no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, está em evidência entre ambientalistas e especialistas. Relatos apontam que muitas dessas estruturas têm capacidades abaixo do necessário para garantir vazões seguras em situações de chuvas extremas.
Mesmo as barragens que estão dentro do patamar máximo de capacidade podem apresentar estruturas fragilizadas, sem garantias de estabilidade.
A crescente apreensão no Quadrilátero Ferrífero se intensifica diante das previsões alarmantes sobre o aumento da temperatura global, que tende a provocar chuvas mais curtas, porém extremamente volumosas.
Esse fenômeno tem o potencial de causar danos significativos e, em casos extremos, até mesmo ocasionar o rompimento das estruturas das barragens, como destacado na edição recente do jornal Estado de Minas.
Enquanto a Agência Nacional de Mineração (ANM) afirma que essas projeções devem ser rigorosamente apuradas e incorporadas às medidas de segurança das barragens, a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) assegura estar atenta à situação. A Feam trabalha com os dados dos volumes de chuvas apurados e realiza fiscalizações durante os períodos de seca e chuvoso.
Diante dessas preocupações crescentes e das evidências de possíveis riscos, é imperativo que medidas eficazes sejam tomadas para garantir a segurança das comunidades e do meio ambiente que circundam essas estruturas.
Ações preventivas e investimentos em infraestrutura são essenciais para evitar potenciais desastres e assegurar a integridade dessas barragens na Quadrilátero Ferrífero.
Desafios críticos para aplicar segurança das barragens em Minas Gerais
Uma análise alarmante revela que uma parcela significativa, nada menos que 45%, das barragens localizadas na região com a maior concentração dessas estruturas em Minas Gerais, estão abaixo do patamar considerado seguro para vazões durante chuvas extremas ou períodos de grande volume pluviométrico em um período prolongado.
Dentre essas, 17% estão classificadas no nível de menor capacidade ou possuem informações técnicas consideradas não confiáveis pela Agência Nacional de Mineração (ANM), algumas até mesmo sem dados confiáveis sobre sua capacidade de escoamento de água em excesso.
A situação é ainda mais preocupante quando se considera que mesmo as barragens que aparentemente estão bem nesse quesito suscitam inquietações, seja pela falta de garantias ou por danos estruturais já detectados. Um exemplo emblemático é a Barragem Serra Azul, localizada na mina de mesmo nome operada pela ArcellorMittal em Itatiaiuçu.
Diante desse cenário crítico, torna-se imperativo que sejam adotadas medidas urgentes para garantir a segurança dessas estruturas e, por conseguinte, a proteção das comunidades e do meio ambiente ao redor. A análise rigorosa das condições de todas as barragens, investimentos em manutenção preventiva e o fortalecimento das regulamentações são passos essenciais para mitigar os riscos e prevenir potenciais desastres.
É essencial que tanto as autoridades competentes quanto as empresas responsáveis adotem uma abordagem proativa e transparente nesse processo, priorizando a segurança e o bem-estar das pessoas e do meio ambiente em detrimento de quaisquer interesses individuais ou econômicos.
Alerta climático: ameaça crescente às estruturas no Quadrilátero Ferrífero
Um cenário preocupante se desenha nas áreas de barragens, pilhas, diques e minas do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, conforme projeções alarmantes sobre o aumento do volume médio das tempestades. Prevê-se um incremento entre 10% e 33% no volume de precipitações nessas regiões, caso a temperatura global se eleve entre 2°C e 4°C.
Essas previsões foram elaboradas com base em dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, considerando os meses de dezembro e janeiro, épocas de maior ocorrência de chuvas na região.
Esse estudo no Quadrilátero Ferrífero foi conduzido pela equipe do jornal Estado de Minas, sob orientação de especialistas, e abrangeu municípios com maior concentração de barragens, totalizando 187 estruturas.
Entre os municípios analisados estão Barão de Cocais, Brumadinho, Congonhas, Itabira, Itabirito, Itatiaiuçu, Mariana, Nova Lima, Ouro Preto, Sabará e Santa Bárbara. Essas áreas são críticas devido à presença de infraestruturas sensíveis que podem ser severamente impactadas por eventos climáticos extremos.
Diante desse cenário, torna-se urgente a adoção de medidas preventivas e de adaptação para garantir a segurança dessas estruturas e a proteção das comunidades que vivem ao seu redor do Quadrilátero Ferrífero.
A conscientização sobre os riscos associados às mudanças climáticas e a implementação de políticas de gestão de riscos são fundamentais para enfrentar esse desafio crescente.
A segurança das barragens e outras estruturas relacionadas à mineração não deve ser negligenciada diante das evidências claras de um clima em transformação. A ação rápida e decisiva é necessária para minimizar os riscos e proteger vidas, recursos naturais e infraestrutura da região do Quadrilátero Ferrífero.