Classificado como um “projeto de sociedade, e não político”, o Plano Itabira Sustentável, plataforma idealizada pela Prefeitura de Itabira e a mineradora Vale, foi lançado na tarde desta quinta-feira (30), no auditório da Funcesi. Oficializado por meio da assinatura de um Acordo de Cooperação, o plano reúne 61 propostas que visam preparar a Itabira para o futuro pós-mineração.
O evento contou com as presenças do prefeito Marco Antônio Lage e do vice Marco Antônio Gomes, além do diretor de Gestão de Territórios da Vale, Marcelo Klein. O presidente da Comissão de Mineração do Legislativo, Bernardo Rosa, da consultora técnica do Plano, Daniela Stucchi; e o secretário executivo do Plano, Maciel Paiva, também estiveram presentes, além de representantes mineradoras, instituições empresariais, parlamentares e membros da sociedade civil.
O acordo firmado garante a continuidade do plano, para além da mudança de gestão nos âmbitos público e privado. O prefeito Marco Antônio Lage conta que o projeto começou a ser construído desde o primeiro ano da sua gestão: “Toda grande ideia precisa de bom planejamento e elaboração. A Vale se dispôs imediatamente a financiar essa importante consultoria internacional, realizada pela Arcadis, para desempenhar o papel técnico de estruturar um programa tão complexo, e que é inédito no nosso país”.
O Itabira Sustentável mobilizou diversas secretarias municipais, funcionários da Vale e sociedade civil, por meio das 280 pessoas que fizeram parte dos 15 grupos de trabalho. Ainda segundo o prefeito, a força tarefa ajudou na elaboração dos eixos estruturais onde estão divididos projetos de longo, médio e curto prazo.
“Já existem 61 programas estruturantes, considerados prioritários, para o presente e o futuro de Itabira. Daqui pra frente contamos ainda com representantes das principais empresas mineradoras da cidade, que são a Vale, a Belmont e a Vale Verde; bem como os demais segmentos empresariais por meio da Acita; Sindicato Rural; Interassociação de Bairros; Sindicato Metabase; e as duas universidade, Funcesi e Unifei. Todos eles são pilares importantes para preparar o ambiente e o território de Itabira para o seu desenvolvimento”, diz o chefe do Executivo.
“É um programa que pensa na próxima geração e não na próxima eleição. A diversificação não acontece com varinha de condão. Não tenhamos essa ilusão mais. Precisamos de caminhos bem traçados. O que estamos fazendo, nesse momento, é o maior investimento do município para nos tornarmos a cidade que queremos ser no futuro, a partir dessa bússola que é o Itabira Sustentável”, complementou.
O diretor de Gestão de Territórios da Vale, Marcelo Klein, diz que o programa demonstra sensibilidade, preocupação e zelo por parte da gestão pública: “Esse acordo entre Vale e Prefeitura não tem um viés assistencialista, ele é uma construção de diferentes entes para pensarmos sanções para melhorar a qualidade de vida de todos os itabiranos. Dentro dos grupos de trabalhos constituídos, é possível perceber todas as coisas que afetam a vida do cidadão. É muito bom saber que a cidade está pensando nesses eixos de forma integrada, estruturada e conjunta. Essa visão de longo prazo, com planejamento estratégico, aplicada ao setor público, é um grande ativo para qualquer cidade”.
O representante do Legislativo na solenidade, o vereador Bernardo Rosa, lembrou que a comunidade local, há um bom tempo, vem deixando muito claro o desejo de “cortar o cordão umbilical” com a Vale e conseguir caminhar com as próprias pernas. “A gente tem sorte de ter gestores públicos que têm sensibilidade para essa questão da diversificação do município. O parlamento tem grande importância nesse processo, dando encaminhamento aos projetos e assumindo total consciência da responsabilidade em todo o processo. Que no futuro possamos ser uma referência para os municípios que também dependem da mineração”, comentou.
Diálogo e participação popular
Para que a população possa entender, acessar, dar opiniões e comentar os projetos já criados na plataforma Itabira Sustentável, foi criado um site. Acessando https://sustentavel.itabira.mg.gov.br/ será possível também conhecer os 15 eixos principais e os 61 programas já criados. Alguns projetos já estão em andamento, como as fábricas sociais para produção de uniformes, fraldas e absorventes; a construção dos novos prédios da Unifei Itabira; projetos para requalificação do Centro Histórico e de construção do novo Distrito Industrial; as tratativas para duplicação de rodovias; e a Faculdade de Medicina da Funcesi, viabilizada a partir de investimentos da Vale no âmbito do programa.
Todo o andamento do programa será acompanhado por um Comitê Gestor, com membros da Prefeitura, da Vale, da sociedade civil, faculdades e empresas da cidade. Outra etapa importante é a escuta ativa. No site, ela é realizada por meio de uma consulta pública disponibilizada, em que qualquer pessoa pode opinar, criticar e sugerir mudanças ou novas estratégias. Presencialmente, ela será feita por meio de reuniões públicas. A primeira foi realizada também nesta quinta-feira, no Teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade.
Para a consultora Daniela Stucchi, esse é um processo indispensável. “É a primeira reunião. Não podemos imaginar que será possível abordar todos os projetos elaborados. Esse é um plano vivo que se alimenta da visão da população e um grande desafio”.
Itabira e a Vale
Durante a coletiva de imprensa, perguntado sobre as opiniões não tão favoráveis e os rotineiros problemas da população com a mineradora, o prefeito enfatizou a importância do engajamento da sociedade civil na realização do Itabira Sustentável: “É a sociedade que tem que entender e ser guardiã do Plano. As apresentações públicas são necessárias e temos que respeitar todo tipo de posicionamento, discutir e debater. A nossa grande preocupação é como Itabira vai se manter para além da mineração”.
Marcelo Klein completou: “A gente não pode fugir das questões difíceis, porque ali provavelmente está o cerne e as pistas para a gente buscar as soluções de problemas complexos e multidisciplinares. Acho que a postura tem que ser mais aberta, mais transparente e mais próxima à sociedade, numa visão de fazer o que é possível de forma dialogada, sem se esquivar e dentro de uma lógica de pragmatismo do que dá para fazer, dentro do tempo e do recurso disponível”.