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Com dívida de R$ 3,8 bilhões, escritório que representa vítimas de Mariana afirma ter recursos para seguir ação bilionária contra BHP

Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil - Apesar de prejuízo operacional e alerta em auditoria, Pogust Goodhead segue com processo que pede R$ 52 bilhões por danos causados pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana

Mesmo enfrentando um rombo financeiro que ultrapassa R$ 3,8 bilhões em dívidas de curto prazo, o escritório Pogust Goodhead — responsável por representar mais de 620 mil vítimas da tragédia de Mariana (MG) na ação coletiva contra a mineradora BHP, em Londres — garante que a situação não compromete o andamento do processo.

O balanço financeiro da firma referente ao ano de 2022 foi divulgado nesta semana com 18 meses de atraso, levantando questionamentos após ser revelado pelo jornal britânico Law Gazette. Os números, auditados por uma consultoria independente, apontam que há “incertezas materiais” sobre a continuidade das operações do escritório.

Faturamento recorde não compensa prejuízos

Apesar do cenário delicado, o Pogust Goodhead teve um faturamento recorde de 53 milhões de libras em 2022, impulsionado por um acordo extrajudicial com a Volkswagen em outro processo ambiental. No entanto, o lucro foi ofuscado por um prejuízo operacional de 51 milhões de libras no mesmo período.

Além disso, o balanço mostra que a empresa possui 522 milhões de libras em dívidas com vencimento no curto prazo, enquanto seus ativos totais somam apenas 7,5 milhões — um contraste que acendeu o alerta sobre a saúde financeira da organização.

Processo de Mariana avança apesar de cenário financeiro

Em resposta às dúvidas levantadas pela imprensa britânica, o Pogust Goodhead afirmou que opera com um modelo de financiamento alternativo, voltado para grandes litígios, e que “continua bem financiado”. A firma garantiu que sua estrutura não será afetada e que seguirá representando as vítimas do desastre causado pelo rompimento da barragem da Samarco, controlada por BHP e Vale, ocorrido em 2015, em Mariana.

O processo em Londres segue pedindo uma indenização de R$ 52 bilhões, valor que inclui compensações para os municípios atingidos, empresas locais e moradores afetados pela tragédia que matou 19 pessoas e contaminou toda a bacia do Rio Doce.

A primeira fase do julgamento — focada nos depoimentos técnicos e perícias — foi concluída em março. A Corte de Londres agendou a segunda etapa do processo para os dias 2 e 3 de julho, quando devem ser discutidos os próximos passos e os critérios para possíveis reparações.

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