As montanhas de Minas Gerais são, ao mesmo tempo, um cartão-postal e uma tragédia em potencial, como a que vimos no último final de semana na cidade de Ipatinga, na região do Vale do Aço.
O relevo acidentado, que faz do Estado um dos mais belos do Brasil, também é responsável por muitos desastres naturais, especialmente em períodos de chuvas fortes. Quando as tempestades atingem as encostas, poucos minutos são suficientes para que deslizamentos de terra tomem vidas e destruam tudo pela frente.
Vulnerabilidade de Minas Gerais
Atualmente, mais de 582 mil pessoas em Minas Gerais vivem em áreas de risco geológico, especialmente nas regiões montanhosas. Embora o relevo seja um fator determinante para essa vulnerabilidade, ele não é o único responsável.
Construções irregulares e a falta de um planejamento adequado no Vale do Aço e em outras cidades mineiras contribuem diretamente para a formação de locais propensos a desastres. O Estado tem sido palco de tragédias anuais, com chuvas que, além de prejudicarem a infraestrutura, revelam a fragilidade de um sistema habitacional muitas vezes desordenado.
A tragédia no Vale do Aço, trouxe à tona mais uma vez os riscos enfrentados por quem mora em áreas inclinadas e mal estruturadas. Dez pessoas morreram em Ipatinga e uma em Santana do Paraíso devido a deslizamentos de terra. O solo saturado e as previsões de mais chuvas indicam que a situação continua alarmante para a população local.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) também aponta que a maioria dos deslizamentos ocorre em áreas construídas sem acompanhamento técnico, especialmente aquelas muito próximas da crista ou da base de taludes. As construções, sem os devidos cuidados, são vulneráveis em períodos de chuvas intensas.
Infelizmente, em momentos como o atual, quando o solo já está saturado e mais chuvas estão previstas, não é possível realizar obras para melhorar a situação.
O que pode ser feito para mudar esse cenário no Vale do Aço e em Minas?
Embora o momento exija ações emergenciais, é essencial começar a planejar um futuro mais seguro para as áreas de risco. Isso inclui ações como o mapeamento de áreas propensas a deslizamentos, a definição de diretrizes para construções nesses locais e o investimento em soluções de longo prazo, como muros de contenção, quando viáveis.
Para evitar que mais vidas sejam perdidas, é fundamental repensar o planejamento urbano, a construção de moradias e a adoção de medidas preventivas em áreas de risco. A gestão pública deve agir com urgência para salvar vidas, mas também deve se preparar para um futuro em que as cidades do Vale do Aço se tornem mais seguras e menos vulneráveis às forças da natureza.