O Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), alerta para as condições climáticas peculiares que o estado terá no período chuvoso entre 2023 e 2024. A previsão é que chuvas irregulares, temperaturas altas e estiagem ocorram até março do ano que vem.
O meteorologista Heriberto dos Anjos apresentou os dados no Seminário de Preparação para o Período Chuvoso 2023/2024, realizado na última quinta (5), por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil Minas Gerais (Cedec-MG), com apoio do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema). O evento buscou orientar os municípios para o enfrentamento desse período de forma mais assertiva.
Em comparação com os períodos chuvosos nos últimos anos, o meteorologista abordou a importância de os gestores e profissionais acompanharem diariamente os boletins, avisos e alertas meteorológicos emitidos pelo Simge. Ele destacou a chamada “virada climática”, com atuação do El Niño, fenômeno atmosférico que fará com que as chuvas sejam menos frequentes na região Sudeste do Brasil e acima da média no Sul do país.
“Mesmo que as anomalias fiquem negativas, os efeitos extremos não vão deixar de ocorrer. Esse é um grande desafio, porque as temperaturas vão continuar altas com períodos de estiagem, podendo chover, em dois dias por exemplo, a média esperada para o mês”, explica o meteorologista.
Heriberto dos Anjos ainda prevê que em outubro, novembro e dezembro, as regiões Norte e Triângulo Mineiro continuem com temperaturas mais altas, acima da média, chegando aos 38°C. “Há uma grande probabilidade de ocorrência de chuvas irregulares em boa parte de Minas Gerais, com tendência de precipitações abaixo da média climatológica. Diante disso, recomendamos que os esforços de atuação preventiva sejam baseados nas normas climatológicas de chuva”, conclui.
Igam alerta para risco de queimadas
A meteorologia previa que, logo na primavera, como já se pode constatar em várias partes do estado, o calor fosse intenso, inclusive com possibilidade de casos significativos de queimadas. O estado já trabalha perante a situação com o Minas Contra o Fogo, programa que integra os municípios mineiros que apresentaram, entre 2013 e 2021, focos de incêndios em unidades de conservação dentro de seus limites territoriais.
Segundo estimativa do Instituto Estadual de Florestas (IEF), cerca de 97% das queimadas são decorrentes de ação humana. O IEF recomenda que moradores de áreas vulneráveis evitem atividades que possam causar faíscas, como queimadas não autorizadas, e denunciar qualquer comportamento suspeito por meio do 181 Disque Denúncia (sem precisar se identificar). Ocorrências de queimadas também podem ser informadas ao IEF pelo Disque Alerta de Incêndios Florestais pelo 0800 28 32323.
Plano de Emergência Pluviométrica
Paralelamente à seca, há também o risco de ocorrência de chuvas acima da média de um mês inteiro em poucos dias. Diante dessa realidade, foi lançado pela Cedec o Plano de Emergência Pluviométrica 2023. O documento fornece informações para preparar os órgãos do Estado para o período e os municípios para a fase de gestão dos riscos, assim como na gestão dos desastres, semelhante a um plano de contingência.
De acordo com o Governo de Minas, o plano divulga os procedimentos que serão adotados pela Defesa Civil Estadual durante o período chuvoso, além de apresentar o portfólio de serviços que estará disponível para os municípios responderem às ocorrências anormais, além de sugerir ações aos gestores municipais. O plano traz também um diagnóstico dos últimos períodos chuvosos em Minas, com informações que permitem dimensionar impactos esperados a partir da previsão de chuvas, apresentando o contexto histórico para o cenário aguardado para o período.