Nesta quarta-feira, (23) a Defesa Civil de Itabira, em parceria com a mineradora Vale, conduziu mais um simulado de emergência envolvendo barragens de rejeito. O exercício ocorreu nas estruturas de Itabiruçu, Conceição, Rio do Peixe, Cambucal I e II e no Sistema Pontal, todas localizadas em áreas consideradas críticas. O simulado foi realizado na Zona de Autossalvamento (ZAS), onde, em caso de rompimento das barragens, não há tempo hábil para que as autoridades possam agir.
Simulado teve baixa participação da população
Apesar da relevância do evento para a segurança da comunidade, a participação da população foi baixa. Essa falta de adesão não é um acontecimento recente e pontua um problema estrutural que vai além da simples convocação para o simulado. Em bairros como Bela Vista, Nova Vista, Praia e Jardim das Oliveiras, onde os moradores convivem há décadas com o temor das barragens, a confiança nas ações preventivas é escassa. Para muitos residentes, os simulados têm mais aparência de encenação do que um verdadeiro instrumento de proteção.
Embora os simulados sejam exigências legais, sua execução tem sido marcada por uma abordagem protocolar. A comunicação utilizada é frequentemente técnica e os canais de divulgação não conseguem atingir plenamente toda a população. A falta de estratégias educativas contínuas e acessíveis compromete significativamente a efetividade das mobilizações.
A assessoria técnica independente que acompanha a região alerta para a necessidade urgente de um processo de escuta ativa e diálogo constante com as comunidades. Sem essa interação efetiva, os simulados correm o risco de intensificar a sensação de insegurança e desinformação entre os moradores ao invés de prepará-los, acabam desorientando.
Enquanto a comunicação não for vista como uma ferramenta essencial para o cuidado e construção da confiança nas ações preventivas em vez de uma mera formalidade legal o risco continuará presente e invisibilizado para as áreas afetadas.