Depois do tombamento como bem imaterial do modo de produzir o queijo da região do Serro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), em 2008, o valorizado produto artesanal ganhou mais um mecanismo de proteção de sua origem: um selo de procedência e legitimidade.
A iniciativa contempla o território onde estão concentrados, além de empreendimentos minerários, cerca de 800 produtores, em 10 municípios da região: Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro.
Com apoio do Sebrae Minas, quatro produtores da região receberão os primeiros selos concedidos pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) nos municípios que formam a área delimitada pela Indicação de Procedência (IP), uma das modalidades de Indicação Geográfica (IG). Conforme divulgado pelo Sebrae, a etiqueta permitirá a rastreabilidade do produto, inibindo possíveis falsificações.
A entidade explica que cada selo possui a marca da região, a identidade da Indicação de Procedência concedida pelo Inpi, um QR Code e um código numérico que identificam o produtor e a peça fabricada, que podem ser consultados por meio da Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs).
De acordo com o método estabelecido pela Apaqs, o queijo da Região do Serro é produzido com leite cru, “pingo”, sal e coalho. A maturação é feita em pelo menos 17 dias, conforme as características particulares registradas na memória oral dos moradores da região, passadas como herança familiar por gerações.
“O reconhecimento que conquistamos ao longo dos anos, nos trouxe diferenciais de mercado, porém muitos queijos feitos com leite cru passaram a ser comercializados como se fosse da Região do Serro. O selo dará mais segurança ao consumidor que estará comprando um produto que obedece ao modo de produção indicado pelos critérios estabelecidos pela Apaqs e regularizado junto aos órgãos de verificação”, disse o presidente da Apaqs, José Ricardo Ozólio, ao Sebrae.
Avaliação técnica da produção do queijo e apoio do Sebrae
Na primeira fase da estratégia liderada pela Apags, quatro produtores passaram por uma avaliação e se tornaram aptos a receber o selo. Outros quatro estão em processo de análise, ainda segundo a entidade.
Um dos produtos beneficiados pelo selo na primeira etapa é o queijo Maria Nunes. A responsável pela Fabricação, Christiane Brandão, destaca a importância do Sebrae para assegurar que o saber ancestral envolvido na produção do queijo da região fosse protegido com a certificação de origem, vinculada ao território.
“O Sebrae nos ajudou em todas as etapas desse processo, a construir todo esse trabalho de fortalecer nossa indicação geográfica, de eliminar arestas que estão aqui na nossa região, de unir as pessoas que estão por trás de todo esse trabalho que vem sendo feito há 300 anos”, diz a produtora.
“Sem o apoio do Sebrae não conseguiríamos estar realizando amanhã esse grande sonho nosso, que é colocar essa indicação geográfica para funcionar, para rodar na prática, implantá-la. A gente agradece muito por acreditarem em nós e persistirem nessa luta para coroar esse trabalho com a entrega desse selo”, complementa Christiane.
Os produtores da região que quiserem pleitear o selo devem cumprir as normas estabelecidas no Caderno de Especificações Técnicas e passar por visitas de verificação que comprovem que o produtor segue as especificações exigidas, segundo a Apaqs.
“Os selos valorizam a origem e fortalecem a representatividade do queijo do Serro no mercado, possibilitando o aumento da renda do produtor e, consequentemente, a melhoria da sua qualidade de vida”, explica o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.
A cerimônia de entrega do selo aos quatro primeiros produtores contemplados será nesta quinta-feira (7), às 18h30, na E.M. Infantil Irmã Carvalho, à Rua Ladeira da Matriz, 100, Centro, no Serro. As confirmações de presença devem ser feitas pelo link. As vagas são limitadas.