O investimento na mineração via mercado financeiro foi o tema central do painel “Mineração e o Mercado de Capitais”, realizado pela Exposibram 2024 nessa quinta-feira (11), em Belo Horizonte. Moderado por Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o painel contou com a participação de diversos especialistas e executivos do setor.
Raul Jungmann iniciou o debate destacando o descompasso entre o setor mineral e o financeiro no Brasil. Embora a atividade represente 32% do saldo da balança comercial do país e tenha gerado R$ 320 bilhões em faturamento em 2021, os investimentos do setor financeiro na mineração somam apenas 0,9% de um total de R$ 2,1 trilhões. “Diante deste cenário, como podemos atrair um volume maior de investimentos para a mineração?”, questionou Jungmann aos painelistas.
Mineração e o mercado de capitais: as lições que vêm do agro
Gustavo Bastide Horbach foi o primeiro a responder, traçando um paralelo entre a mineração e a indústria do agronegócio. “A indústria de fertilizantes, por definição, tem a mineração como sua base produtiva. Acredito que tudo que nos cerca foi plantado ou minerado. E, assim como o agronegócio fez o país se orgulhar de sua atividade, percebo que o Ibram está fazendo o mesmo pela mineração”, afirmou.
Rodrigo Augusto Nunes, COO da Hochschild Mining PLC, abordou o custo de capital e comparou o mercado de mineração no Brasil com outros países. “O mercado de mineração no Canadá, Austrália e Londres é mais maduro, com investimento de longo prazo. Cabe a nós mostrar que os investimentos em mineração no Brasil são lucrativos e podem ser uma boa opção também”, declarou.
Desafios e oportunidades no mercado de capitais
No decorrer do debate, Raul Jungmann questionou sobre a hesitação de empresas mineradoras em abrir capital na bolsa de valores. Horbach apontou que a situação é multifatorial, envolvendo tanto a tradição de empresas familiares em manter-se fechadas quanto a falta de estímulos no ambiente de mercado. “A educação financeira, que cresceu nos últimos anos, deve levar mais empresas para a bolsa, e a mineração, sendo um negócio tão atraente, com certeza também terá papéis atrativos”, explicou.
Jungmann também questionou sobre a insegurança jurídica na mineração e os obstáculos que travam investimentos. Em resposta, Nunes apontou que, embora o Brasil tenha um sistema ambiental sólido, há oportunidades de melhorias nas agências ambientais e nos estudos de impacto ambiental. Ele também mencionou que a complexidade tributária ainda é um desafio, mas que a Reforma Tributária pode trazer avanços significativos.
Afinal, como funciona a captação de recursos via bolsa de valores?
A captação de recursos para empresas mineradoras via IPO (Oferta Pública Inicial) na bolsa de valores é uma estratégia que pode turbinar os investimentos no setor. Ao abrir capital, na prática a empresa vende parte de seu patrimônio (ações) aos investidores em troca de dinheiro para investir em seus projetos.
Os recursos levantados na abertura de capital podem ser utilizados para expandir operações, investir em tecnologia ou outros projetos estratégicos. No Brasil, a adesão de empresas mineradoras à bolsa ainda é tímida, mas o crescimento da educação financeira e o fortalecimento das instituições podem mudar esse cenário.
A Exposibram 2024 trouxe à tona a importância de alinhamento entre o setor mineral e o mercado de capitais, com destaque para o fortalecimento dessa relação que pode ser fundamental para elevar a mineração a outro patamar.
Cobertura especial
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