O fim da vigência das atuais medidas de proteção comercial no setor do aço, previsto para o final de maio, acende um sinal de alerta entre os principais produtores brasileiros. A ArcelorMittal Brasil, uma das líderes do setor, reconhece o avanço representado pela criação do modelo de cota-tarifa para 11 categorias de produtos, previsto para vigorar a partir de junho de 2024. No entanto, avalia que, na prática, essa estrutura não tem freado o crescimento acelerado das importações predatórias.
Só nos três primeiros meses de 2025, o volume de aço vindo do exterior saltou 29,6%, número que se sobrepõe a uma base de comparação já inflada em relação ao ano anterior. Esse cenário vem colocando em xeque o equilíbrio do mercado nacional e comprometendo a sustentabilidade de uma cadeia produtiva que gera milhares de empregos de qualidade no país.
ArcelorMittal alerta que concorrência desleal ameaça novos aportes bilionários
A ArcelorMittal, questionada pela redação do Cidades & Minerais, alerta que a manutenção desse cenário desfavorável pode travar planos estratégicos cruciais. A empresa está na reta final de um ciclo de investimentos de R$ 25 bilhões no Brasil e analisa a viabilidade de mais R$ 10 bilhões em aportes futuros, voltados à ampliação de capacidade e incorporação de novas tecnologias. No entanto, essas decisões dependem diretamente da aplicação de medidas comerciais mais firmes, que garantam condições equitativas de competição.
Exemplos de ações bem-sucedidas em mercados como União Europeia, México, Colômbia e Índia mostram que é possível criar mecanismos eficientes de defesa comercial. Segundo a companhia, adotar práticas semelhantes no Brasil é urgente para proteger a indústria nacional do aço e manter o país como peça-chave na estratégia de crescimento do grupo ArcelorMittal no cenário global.
A empresa reafirma seu compromisso com o desenvolvimento econômico brasileiro, mas ressalta que o atual desequilíbrio no mercado, alimentado pela entrada de aço subsidiado, ameaça diretamente o futuro de um setor estratégico para a economia do país.