Entre 5 e 9 de junho é celebrada a Semana Mundial do Meio Ambiente. As datas foram instituídas pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972. No Brasil, o tema é “Crescendo Com Sustentabilidade”. Mesmo que ainda haja muito o que fazer, já existem iniciativas que estão alinhadas a essa tendência no país, em busca de maior equilíbrio nas relações entre homem e natureza.
Nesse contexto, ganhou destaque uma pesquisa mostrando que bioextratores obtidos a partir de folhas de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale). A árvore, nativa da Amazônia, podem ser uma alternativa viável e sustentável para a extração de ouro. O produto substituiria o mercúrio, substância altamente nociva ao meio ambiente.
O estudo conjunto, iniciado em 2020, é coordenado pela Embrapa Florestas (PR), em parceria com Embrapa Agrossilvipastoril(MT), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto (Coogavepe), Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A próxima etapa investigará quais formulações de bioextratores podem ser competitivas com o mercúrio. O estudo considerará tanto no processo de extração quanto na redução do impacto na saúde de trabalhadores e no meio ambiente. As folhas de pau-de-balsa já são usadas com essa finalidade na região de Chocó, na Colômbia, de forma artesanal.
“Nosso intuito é melhorar esse processo e produzir um bioextrator atóxico, competitivo com o mercúrio”, explica a pesquisadora da Embrapa Marina Morales, responsável pela condução dos estudos”. “A ideia é sair da prática artesanal para escala em pequena mineração, com análises de toxicidade e citotoxicidade e práticas que facilitem o uso”, complementa.
Embora já tenha resultados importantes, ainda segundo os coordenadores, a expectativa é para que as conclusões do estudo sejam apresentadas somente no início de 2025.
Reflorestamento
De acordo com os coordenadores, em uma etapa posterior, a pesquisa também vai trabalhar com o sistema de produção do pau-de-balsa. A árvore é uma alternativa para a recuperação de áreas degradadas nos próprios garimpos. Com isso, plantios poderiam ser feitos no mesmo local de produção do bioextrator, viabilizando uma biofábrica local.
“Assim, além de fornecer matéria-prima – folhas –, as árvores do pau-de-balsa podem contribuir para a revegetação da área antropizada, dando condições para o estabelecimento de outras espécies florestais e possibilidade de exploração da madeira do pau-de-balsa no final do ciclo de crescimento”, afirma o pesquisador da Embrapa, Maurel Behling.
Segundo o presidente da Coogavepe, Gilson Camboim, a pesquisa traz “boas expectativas para a atividade garimpeira, como a substituição do mercúrio por um produto sustentável e o barateamento do processo de extração, já que o elemento químico tem alto custo”.
“O resultado pode ser pensado não só como uma simples produção de um bioextrator, pois ele abre outras vertentes para a utilização dessa planta, como o reflorestamento de áreas degradadas e a utilização da madeira, que podem beneficiar o proprietário de uma área lavrada”, diz a ex-presidente da Coogavepe, Solange Luizão Barbuio Barbosa, que iniciou as discussões para participação no projeto.
Informações detalhadas sobre o estudo estão no site da Embrapa.