O que são as terras raras e por que são tão importantes para os Estados Unidos?

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A Ucrânia possui em seu território grandes depósitos das chamadas “Terras raras” e minerais. Porém, boa parte se encontra em territórios controlados por tropas russas.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, afirma que essas terras deveriam ser trocadas pelo contínuo apoio dos EUA à Ucrânia na guerra contra a Rússia.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, havia declarado que não “venderia nosso estado”, após recusar uma proposta feita por Trump.

Porém, no último domingo (23, Volodymyr Zelensky se mostrou flexível e disse estar preparado para conversar sobre os minerais. “Estamos prontos para compartilhar”, disse.

“Eu disse [à Ucrânia] que quero o equivalente à tipo, US$ 500 bilhões [cerca de R$ 2,9 trilhões] em terras raras, e eles essencialmente concordaram em fazer isso”, disse Trump em entrevista no dia 10 de fevereiro.

Mas dúvidas têm surgido: Por que esses minerais são tão importantes?

As chamadas terras raras são um agrupamento de 17 metais usados na fabricação de ímãs que transformam energia em movimento para veículos elétricos, sistemas de mísseis, telefones celulares, dentre outros eletrônicos. Segundo os dados do U.S. Geological Survey, a Rússia é dona da maior reserva mundial de metais e terras raras, ficando atrás somente da China, Brasil, Índia e Austrália.

Além disso, a Ucrânia possui 21 dos 30 elementos considerados “materiais brutos essenciais” pela União Europeia, esse total equivale a 5% das reservas mundiais.

O país também possui “minerais críticos” ou estrangeiros, como o lítio e já ocupou aproximadamente dois depósitos de lítio: Shevchenkivske, na região de Donetsk, e o complexo de minério de Kruta Balka, na região de Berdyansk.

Os depósitos de minério de lítio situados na região de Kirovohrad continuam sob supervisão da Ucrânia.

Porque esses minerais são essenciais para os EUA?

O motivo de os EUA quererem controlar a produção das terras raras é a competição com a China, que no cenário atual domina o mercado global.

Respondendo por 60% a 70% da produção mundial e prováveis 90% da capacidade de processamento, a China vem crescendo nas últimas décadas, o que a torna líder tanto em mineração como em processamento de minerais raros.

Atualmente, os Estados Unidos são dependentes da China em relação a este aspecto, o que é provavelmente uma fonte de preocupação para Trump, tanto em termos de segurança nacional quanto em questões econômicas.

Ucrânia e Groenlândia: oportunidades para implantar importantes métodos

Trump decidiu impulsionar a produção de combustíveis fósseis, abandonando as diretrizes voltadas para energias renováveis. Porém, ele também busca garantir o acesso a minerais essenciais para a transição para as fontes de energia limpa, onde quer que isso seja viável.

Esses minerais são essenciais não apenas para a energia limpa, mas também para a fabricação de equipamentos militares, eletrônicos e sistemas de navegação. Também são cruciais para os centros de dados dedicados à inteligência artificial (IA).

Recentemente, Trump demonstrou interesse em expandir a infraestrutura de IA nos Estados Unidos, o que exigirá uma quantia significativa de minerais críticos – como cobre, silício, paládio e elementos de terras raras.

No entanto, a disponibilidade desses minerais já está em decadência, o que contribui para a desaceleração do crescimento global no setor de energias limpas.

Segundo especialistas, o domínio da China sobre esses minerais é um fato determinante para as preocupações de Trump em meio à rivalidade geopolítica entre os EUA e a China.

Após anos investindo em tecnologias de processamento e adquirindo know-how, a China controla no cenário atual 100% do fornecimento refinado de grafite natural e disprósio, além de 70% do cobalto e quase 60% do lítio e manganês processados, conforme dados da Agência Internacional de Energia Renovável.

A China também é responsável pela maior parte da produção de elementos de terras raras e exerce um controle severo sobre metais estratégicos ao redor do mundo, possuindo grandes minas na África, Ásia e América do Sul.

Para enfrentar o crescente domínio chinês na cadeia global de suprimentos, o Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes dos EUA afirmou durante o governo Biden que é crucial que os EUA garantam seu próprio fornecimento de minerais críticos e estratégicos.

A administração Trump enxerga regiões como Ucrânia e Groenlândia como oportunidades para implementar métodos inovadores que possam fortalecer sua cadeia de suprimentos.

 

 

 

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