Um estudo recente intitulado “Case studies of assessment of human health risks after the dam failures of the Córrego do Feijão Mine and Fundão in Brazil” analisou os riscos à saúde humana causados pelos rejeitos de minério de ferro que foram depositados nos solos das áreas afetadas pelos rompimentos das barragens de Fundão, em Mariana (MG), e da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). A pesquisa, realizada ao longo de três anos, teve como foco os riscos decorrentes da exposição a elementos-traço tóxicos como arsênio, cádmio, cromo, mercúrio, níquel, chumbo e zinco.
Brumadinho e Mariana apresentam riscos à saúde de adultos, crianças e meio ambiente
O estudo apontou que os adultos das áreas afetadas estão mais propensos a doenças não carcinogênicas devido à exposição a esses elementos. No entanto, as crianças mostraram maior vulnerabilidade, com sensibilidade tanto a efeitos cancerígenos quanto não cancerígenos, principalmente em regiões próximas às barragens e nos municípios de Barra Longa, São José do Goiabal, Córrego Novo, Veneza, Periquito, Governador Valadares, Tumiritinga, Conselheiro Pena, Honório Fraga e Linhares, no caso da barragem de Fundão, e nas áreas relacionadas à Mina Córrego do Feijão.
O estudo alerta para os efeitos cumulativos da exposição a esses elementos nas áreas mineradoras de Mariana e Brumadinho, enfatizando a importância de práticas de recuperação ambiental que ajudem a minimizar os impactos negativos para a saúde da população. A pesquisa também destaca a necessidade de uma supervisão governamental mais rigorosa para garantir que as condições de saúde das comunidades locais sejam adequadas.
Publicado no International Journal of Mining, Reclamation and Environment, o estudo foi realizado por meio de uma colaboração entre o Serviço Geológico do Brasil (SGB), representado pelo pesquisador Eduardo Duarte Marques, e a Universidade Federal Fluminense (UFF). A pesquisa também contou com a participação da pós-doutoranda Andressa Buch, do professor Emmanoel Vieira Silva Filho e do professor Douglas B. Sims, do College of Southern Nevada (EUA).
Este estudo não só traz uma análise profunda sobre os riscos à saúde após os desastres ambientais em Mariana e Brumadinho, mas também serve como base para ações de prevenção e recuperação nas comunidades mineradoras.