Uma análise setorial da 27ª edição da Pesquisa Global de CEOs da PwC entrevistou mais de 4.700 CEOs em mais de 100 países, incluindo o Brasil e chegou a conclusão que os lideres do setor de energia, serviços públicos e recursos naturais (UE&R) estão mais confiantes nas perspectivas de crescimento do país do que na expansão da economia global.
Destes, 61% esperam que a economia doméstica cresça nos próximos 12 meses. O índice de otimismo do setor está acima da média registrada na Pesquisa de Líderes Brasileiros (55%), que já aponta perspectivas de crescimento interno acima da média global (44%).
Contudo, o otimismo perde o seu poder quando os CEO deixam de se concentrar nos seus próprios países e de avaliar o ambiente global. A percentagem de líderes brasileiros da UE&R e da média global que pensam que a economia global irá provavelmente desacelerar nos próximos 12 meses excede a percentagem que prevê que a economia global irá acelerar.
Apenas 32% dos líderes brasileiros e 38% dos líderes da UE&R acreditam no crescimento económico, enquanto 45% dos líderes brasileiros e globais da UE&R preveem uma desaceleração económica global. Nos próximos três anos, porém, a confiança entre os líderes da indústria na aceleração da economia aumentará novamente no Brasil, subindo para 61% e para 44% globalmente.
Principais ameaças do crescimento da economia no país
A 27ª Global CEO Survey também revelou que a instabilidade macroeconômica é a principal ameaça para os negócios de 42% dos CEOs de EU&R. Este fator é mais preocupante no setor que para a média dos respondentes do Brasil, de 31%. Já a desigualdade social foi tema menos preocupante, apenas 10% dos líderes do setor consideram uma ameaça para os seus negócios.
As três principais ameaças para o setor EU&R no mundo seguem a ordem: Instabilidade macroeconômica e inflação (42%), mudanças climáticas (39%), riscos cibernéticos e conflitos geopolíticos (29%), riscos sanitários (19%) e desigualdade social (10%)
Mudanças climáticas e uso da IA nas indústrias
As mudanças climáticas, uma das megatendências analisadas pelo estudo, estão entre as principais ameaças para os CEOs de EU&R no mundo. Há progressos no cumprimento de seus objetivos declarados, segundo os líderes do setor: 97% têm esforços em andamento ou já concluídos para melhorar a eficiência energética, e 91% para inovar em produtos e serviços com baixo impacto climático. A maioria dos respondentes da pesquisa relata progressos na descarbonização, mas com planos mais tímidos para outras ações climáticas.
Em relação a inovar em novos produtos, serviços ou tecnologias com baixo impacto climático, 81% do setor já têm planos em andamento para alcançar o objetivo, número que contrasta bastante com os resultados no Brasil, de 57%. Na média no país, essa ação foi indicada como concluída por 9% das pessoas entrevistadas.
O setor está à frente da média brasileira ao incorporar os riscos climáticos ao planejamento financeiro. Enquanto 65% dos CEOs de EU&R têm projetos em andamento ou concluídos neste sentido, a média brasileira é de 43% e outros 36% dos CEOs na média Brasil nem começaram projetos neste sentido ainda.
A outra megatendência analisada pela pesquisa é o impacto provocada pela inteligência artificial (IA). No Brasil e no mundo, o uso desta tecnologia ainda é uma realidade distante para empresas do setor. Dos CEOs de EU&R no país, apenas 35% disseram que suas empresas mudaram a estratégia de tecnologia por causa da IA generativa nos últimos 12 meses. No Brasil, a média de todas as indústrias foi de 34% e, no mundo, de 31%.
A IA generativa também vai mudar significativamente a maneira como as empresas criam, entregam e capturam valor para 81% dos CEOs do setor, enquanto no Brasil, 72% acreditam nestas mudanças. A média global que acredita nesta mudança de valor a partir da IA generativa cai para 70%.