Resíduos que vão parar em aterros, barragens ou empilhados pelas mineradoras e siderúrgicas de todo o país podem levar mais dignidade e acessibilidade às comunidades do entorno das operações. Essa fala, reforçada pelo CEO da Biosfera – empresa de tecnologia no desenvolvimento de soluções sustentáveis – Henrique Hélcio Eleto dos Santos, tem ecoado em muitas empresas preocupadas com a correta destinação desses materiais e os possíveis impactos ao meio ambiente e às populações.
Os resíduos, a exemplo do agregado siderúrgico (subproduto gerado na produção do aço), da lama e da areia da mineração, além de tantos outros, servem de base para o desenvolvimento de um revestimento chamado de “pavimentação ecológica”. Tal revestimento tem servido para revitalizar estradas rurais com
entregas semelhantes às do asfalto, ou seja, vias sem lama, buracos e poeira.
O revestimento combina o resíduo com o solo local, produtos aglomerantes e/ou outros materiais da região para formar uma camada de proteção do acesso. Ele aumenta a qualidade das estradas durante os períodos de chuva, proporcionando conforto e melhores condições de trafegabilidade. Também gera aumento da vida útil das vias, reduzindo os custos de atividades relacionadas à manutenção. “A procura pela tecnologia tem aumentado com o rigor do poder público na fiscalização da atuação dos segmentos.
Desastres como os de Mariana e Brumadinho e outros por todo mundo, tornaram latentes a necessidade das empresas de se adequarem, urgentemente, ao que prevê os principais direcionamentos do ESG (Environmental, Social and Governance)”, esclarece o CEO da Biosfera, lembrando que ESG trata do conjunto de padrões e boas práticas que visam definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada.
A pavimentação ecológica não é asfalto, mas tem qualidade superior, se comparada à cobertura de estradas de terra com uso de cascalho ou brita. “Trata-se de um revestimento primário e não de um pavimento que, além de reduzir custos a médio e longo prazos dos municípios, é ambientalmente responsável, reduz a poeira, lama e confere mais segurança e conforto para quem trafega na via”, complementa Henrique.
O movimento ainda ganhou, recentemente, um reforço com a incorporação do “aproveitamento de rejeitos da mineração” como eixo estratégico do Novo Plano Nacional de Mineração, apresentado em maio deste ano pelo Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
Uma solução social
As estradas vicinais que interligam a área rural à zona urbana possuem extrema relevância econômica, social e ambiental. Essas vias promovem integração inter e intrarregionais, desempenhando um papel preponderante no progresso, bem-estar e desenvolvimento rural sustentável.
“Nós falamos do tripé da sustentabilidade, que tem que ser o econômico, o ambiental e o social. É economicamente viável, traz benefícios mecânicos, melhora o tráfego da região, não polui, reduz o custo de manutenção e apresenta resultados efetivos. Conseguimos reutilizar os resíduos, dando um destino adequado com impactos positivos para a comunidade do entorno”, pontua o coordenador de Engenharia de Processos e Implementação de Novos Negócios da empresa, João Köhler.