O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja ao Chile neste domingo (4) para uma visita de Estado que deverá contar com a assinatura de mais de 15 acordos bilaterais durante a semana. Entre eles, a exploração de minerais considerados estratégicos para a transição energética. O Chile concentra 65% das reservas de lítio no mundo, junto com a Argentina e Bolívia.
A expectativa do Governo Federal é diversificar a parceria entre os dois países para além da agenda comercial e ampliar o leque de produtos brasileiros exportados. A comitiva desembarcará em Santiago às 20h (horário local). Além de ministros, assessores e outros integrantes do governo, cerca de 200 empresários brasileiros deverão desembarcar em Santiago para participar do Fórum Empresarial Chile-Brasil, evento realizado paralelamente à agenda presidencial.
A embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), disse que a visita é um símbolo da reaproximação diplomática entre os dois países, após a posse de Gabriel Boric, em março de 2022.
“Nós estamos buscando expandir essa agenda bilateral para exatamente trabalhar uma amizade que vai além dos temas econômicos e comerciais, para assuntos como ciência e tecnologia, defesa da democracia e direitos humanos, educação, inovação, saúde. Nós temos uma agenda muito densa e que abrange vários aspectos”, disse a embaixadora.
De acordo com ela, o Brasil ainda tem interesse em discutir com os chilenos questões envolvendo a indústria de defesa, fortalecimento das relações de exportação, certificação de produtos orgânicos e estímulo ao turismo
Acordos
O Itamaraty antecipou que 17 cooperações estão prontos para serem assinadas durante a visita, dependendo da participação das autoridades de cada setor na delegação brasileira.
O Chefe da Divisão de Argentina, Uruguai e Chile do Itamaraty, Carlos Cuenca lembrou que a visita presidencial estava prevista para maio deste ano e foi adiada em razão da tragédia socioambiental no Rio Grande do Sul, o que permitiu que outros acordos que até então não estavam prontos para serem assinados fossem concluídos. “É uma lista de acordos que mostra essa diversificação da agenda bilateral com o Chile”, observou.
O Chile é o sexto maior destino das exportações do Brasil, que é o maior investidor latino-americano no país. O intercâmbio comercial entre os dois países atinge US$ 12 bilhões por ano.
Ibram faz alerta
Durante a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia, realizada em Brasília nesta 4ª feira (31), pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, destacou que o Brasil está diante de uma oportunidade de fomentar seu desenvolvimento e se posicionar na liderança do suprimento global de minerais críticos para a transição energética.
“O Brasil precisa estimular a expansão sustentável da mineração em larga escala para fomentar um incremento estratégico em seu desenvolvimento, qualificando-se a ser um dos líderes do suprimento global de minerais críticos para a transição energética, uma demanda comum a diversas nações que agem para superar a emergência climática”, disse Jungmann.
O diretor-presidente do Ibram foi um dos palestrantes e debatedores do painel Eixo III – Minerais estratégicos no contexto de um projeto nacional (litio, nióbio, silício), no segundo dia da V Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação,
“Não há possibilidade de promover a transição de uma economia liderada pelos combustíveis fósseis para uma economia marcada pela neutralidade de carbono, sem investirmos na produção e na oferta de minerais críticos para esta transformação”, afirmou.
O executivo alertou, ainda, que a transição energética conecta o país ao mundo e “o Brasil apresenta enorme potencial para fornecer os minerais críticos à essa transição, portanto, a mineração representa um passaporte para o futuro para o país, uma oportunidade articulada com a questão dos minerais críticos. O Brasil tem como se colocar como uma potência nesse mercado emergente”.
Ele chama a atenção para a oportunidade de o país colher benefícios como mais investimentos, mais empregos, renda, impostos e divisas. Jungmann condiciona o avanço do país nesse campo à estruturação de políticas públicas que estimulem a mineração.
O gestor do Ibram lembrou que o instituto apresentou, em parceria com o CTEM/MCTI, um estudo intitulado “Por uma política de minerais críticos e estratégicos para o Brasil e para o futuro – Fundamentos e diretrizes”, visando contribuir com o debate nacional voltado a estabelecer as políticas públicas. O trabalho abrange tanto minérios e metais tradicionais, como ferro, cobre e alumínio, quanto outros que passam ou deverão passar a figurar na pauta de produção nacional com maior expressão, como lítio, cobalto, terras raras, vanádio, nióbio, silício, entre outros. Saiba mais.