Localizada no litoral do Espirito Santo, a cidade de Anchieta tem praias paradisíacas e clima agradável. Mas o município é conhecido, principalmente, por abrigar um complexo minerário da Samarco, empresa subisidária da Vale e BHP marcada pela tragédia da Barragem do Fundão, em Mariana, no ano de 2015.
Em Anchieta a empresa opera – além de um de seus minerodutos, considerado por décadas o maior do Brasil, com 400 km de extrensão entre Mariana e o porto de Ubu – quatro usinas de pelotização. A empresa ainda retoma gradativamente suas atividades, depois de iniciadas as medidas de reparação pela tragédia.
Atualmente, a Samarco processa cerca de 8 milhões de toneladas (Mt) de pelotas e minério de ferro por ano. Em cinco anos, a empresa espera chegar a 17 Mt, quando mais uma usina será religada e outro mineroduto voltará a operar.
O CidadesMineradoras.com.br esteve na cidade e conversou com o prefeito Fabricio Petri (PSB) sobre a importância da Samarco para o município. Ele descreve como Anchieta precisou se reinventar após a tragédia protagonizada pela mineradora.
De acordo com o prefeito, o faturamento gerado pela Samarco representa 5,5% do PIB do Espirito Santo, conferindo à sede de Anchieta importância enorme ao município, pelo contexto social e econômico e pela vultosa arrecadação de tributos.
Petri explica que quando ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, mesmo estando longe do fato, Anchieta deixou de arrecadar R$ 100 milhões por ano, número que representa quase a metade do orçamento do município.
“Anchieta não sofreu o impacto ambiental, mas sim problemas econômicos”, resume o prefeito Fabricio Petri.
Diante do cenário, a gestão à época precisou tomar medidas consideradas “duras’, como fechar unidades de saúde e escolas, retirar o Vale Alimentação dos funcionários públicos, entre outras ações de contenção de despesas.
Anchieta se reinventa sem a Samarco
No meio empresarial é comum afirmar que “na hora da adversidade surgem também oportunidades”. E foi isso que aconteceu em Anchieta. A prefeitura, percebendo a necessidade de olhar para outros setores da cidade, começou a investir em ações voltadas ao empreendedorismo, criando planos de incentivo ao pequeno empresário. Uma delas foi a possibilidade de abertura de empresa em 15 minutos, o que ajudou a impulsionar a economia local.
A inciativa resultou na conquista do Prêmio Prefeito Empreendedor por Anchieta, concedido nacionalmente pelo Sebrae em 2019 e 2021. As ações de empreendedorismo foram focadas na área do turismo, valorizando as praias locais, o comércio e estrutura para a receber turistas, principalmente àqueles vindo de Minas Gerais, que tradiconalmente procuram o estado como destino.
Atualmente o município tem uma taxa de desemprego menor que 10%, ótima qualidade de vida. Um fato que comprova a afirmação é que, durante todo o ano de 2023, não foi registrado um homicídio sequer em Anchieta. Entretanto, a viabilidade econômica da cidade ainda é dependende em grande parte da Samarco, que gera até 2 mil empregos formais e informais.
O prefeito Fabricio Petri alerta que o poder público e a população precisam continuar buscando maneiras de elimiar essa dependência: “É necessário reinventar o município e isso pode ser feito com o incentivo ao empreendedorismo. A Samarco retomará até 2028 a sua capacidade de 100%. Mas até lá, Anchieta pode ir aproveitando suas 23 praias e toda a estrutura que criamos para crescer ainda mais, evoluindo outro setor econômico da região” disse ele.