
Um levantamento recente realizado pelo Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCEMG) indica que a população dos municípios mineradores do estado enfrenta sérios problemas de saúde, especialmente em relação a doenças respiratórias, cardiovasculares e condições que afetam olhos e ouvidos, quando comparada a outras cidades mineiras.
A pesquisa, conduzida pela Diretoria de Fiscalização Integrada e Inteligência do Tribunal (Suricato), analisou dados dos 20 maiores produtores de ferro em Minas Gerais, utilizando como base os valores pagos pelas empresas mineradoras a título de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM).
Os resultados mostram que, segundo as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) do Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa de mortalidade por doenças do sistema circulatório nos municípios mineradores é 61% superior à observada nas cidades que não possuem atividades mineradoras. Além disso, a média de permanência hospitalar para esses pacientes é 32% maior.
Problemas no ouvidos, olhos e aumento de nascimentos prematuros: Alerta o TCEMG
O estudo, divulgado no mês passado, também revelou que os gastos médios com internações relacionadas a doenças respiratórias nos municípios mineradores são 36% mais altos em comparação aos demais. As despesas com doenças que afetam olhos, ouvidos e apófise mastoide superam 70%.
Outro dado alarmante é que os 20 maiores produtores de ferro têm uma taxa de nascimento de crianças com baixo peso (menos de 2,5 kg) 12% maior do que nas cidades onde não há mineração.
O relatório do TCEMG conclui que, embora os municípios mineradores disponham de receitas maiores — incluindo a CFEM — com potencial para melhorar a qualidade de vida da população, a efetividade desses recursos depende diretamente da gestão local. O documento destaca que, apesar dos gastos per capita em saúde serem mais elevados nos municípios mineradores em comparação aos não mineradores, os indicadores de saúde não apresentam resultados necessariamente mais favoráveis.