Em 2023, o Brasil registrou 901 ocorrências de conflitos relacionados à mineração, um número 6% menor que o de 2022. No entanto, o impacto dessas disputas foi mais profundo, com um aumento expressivo de 308% no número de pessoas envolvidas, que saltou de 688 mil para impressionantes 2,8 milhões.
Essa escalada está intimamente ligada à ação coletiva judicial movida contra a mineradora BHP em Londres, em decorrência do desastre de Mariana, que afetou cerca de 620 mil pessoas.
Os conflitos minerários ocorreram em 786 localidades em todo o Brasil, com exceção do Distrito Federal. Além disso, houve uma ampliação significativa, com 499 novos locais identificados como epicentros dessas disputas. Isso demonstra uma expansão territorial dos problemas, afetando cada vez mais regiões e comunidades no país.
Minas Gerais: epicentro dos conflitos minerários
Minas Gerais foi o estado com o maior número de conflitos minerários, concentrando quase um terço das ocorrências, com 31,9% do total registrado. Seguiram na lista os estados do Pará (13,7%) e Bahia (9%). No topo da lista de municípios com mais registros de disputas está Brumadinho, local emblemático do trágico desastre de 2019.
A cidade foi palco de 28 ocorrências, muitas relacionadas ao rompimento da barragem da Vale, que resultou em 270 mortes. Recentemente, moradores de Brumadinho realizaram protestos exigindo um novo acordo de reparação, com a Vale afirmando que 75% dos R$ 37,7 bilhões acordados para medidas reparatórias já foram pagos.
Os principais minérios que alimentaram esses conflitos foram o minério de ferro e o ouro, responsáveis por 34,3% e 25,2% das ocorrências, respectivamente. No que diz respeito às categorias de disputas, as mais comuns foram as disputas por terras e recursos hídricos, com 567 e 246 registros, refletindo a crescente tensão em torno da posse e uso de recursos naturais em regiões mineradoras.