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Garimpo ilegal ultrapassa mineração industrial no Brasil

Imagem: Agência Brasil - As áreas indígenas, como as dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami, são algumas das mais atingidas pelo garimpo ilegal, que além de causar danos ambientais, representa uma grave ameaça à sobrevivência dessas comunidades

O garimpo ilegal no Brasil se tornou um dos maiores problemas ambientais e sociais do país, com um crescimento alarmante, especialmente entre 2019 e 2022. Dados de um estudo realizado por cientistas brasileiros e publicado na renomada revista “Nature” apontam que, em 2020, a área ocupada pelo garimpo no Brasil superou a da mineração industrial. A situação, que já era preocupante, se intensificou nos anos seguintes, alcançando 2.627 km² em 2022, enquanto a mineração industrial ocupava 1.800 km².

Esse aumento acentuado na área de garimpo está diretamente ligado à degradação dos ecossistemas, com impactos irreversíveis para a Amazônia e seus habitantes. O estudo também revela que, em 2022, ao menos 77% dos garimpos operavam sem qualquer tipo de regulamentação legal. A Amazônia, mais uma vez, aparece como a principal região afetada, com 91% dos garimpos concentrados nessa área.

Garimpo ameaça aos povos indígenas e a falta de rastreabilidade do ouro

As áreas indígenas, como as dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami, são algumas das mais atingidas por essa atividade ilegal, que além de causar danos ambientais, representa uma grave ameaça à sobrevivência dessas comunidades. O estudo sublinha também a dificuldade de controlar a origem do ouro extraído, pois muitos garimpos operam sem qualquer fiscalização, o que resulta em uma grande parte da produção sendo comercializada ilegalmente.

De acordo com o Instituto Escolhas, cerca de 50% do ouro extraído no Brasil e vendido internacionalmente provém de atividades ilegais. A ausência de rastreabilidade do minério dificulta o controle dessa prática, tornando ainda mais desafiadora a luta contra o garimpo ilegal e os danos que ele causa ao meio ambiente e às populações locais.

Parceria entre USP e Ibram busca solução tecnológica

Em resposta a esse cenário, a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) firmaram uma parceria estratégica para desenvolver um software inovador com o objetivo de rastrear a origem do ouro extraído. A iniciativa visa oferecer uma solução tecnológica para identificar a procedência do minério, ajudando a combater o comércio ilegal e a garantir maior transparência no mercado.

A tecnologia proposta tem o potencial de revolucionar o controle da cadeia produtiva de ouro, ao permitir que as autoridades e empresas verifiquem a legalidade do material comercializado, dificultando o escoamento de produtos oriundos de atividades criminosas. Embora o desafio seja grande, essa parceria representa um passo importante para enfrentar um dos maiores problemas ambientais e sociais do Brasil na atualidade.

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