O último Censo Brasil de Editores de Jornais e Revistas, realizado pela Fran6 Análise de Mercado a pedido da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), revelou dados surpreendentes sobre a participação de mídias off-line no mercado. O estudo mostra que a maior parte dos jornais e revistas brasileiras já migrou do impresso para o digital. Porém, ele também revela que não se concretizaram as previsões feitas por especialistas de que os veículos impressos deixariam de existir em curto prazo. Pelo contrário, eles ainda representam grande parcela dos negócios do ramo.
De acordo com o estudo, realizado entre dezembro de 2021 e abril de 2022, das 1.262 editoras identificadas como atuantes no Brasil pelo levantamento, 711 se autodeclaram digitais. Outras 551 (44% delas) ainda têm como principal negócio as edições impressas, mesmo que a maioria também publique na versão on-line.
A pesquisa foi realizada a partir do levantamento dos veículos por Classificação de Atividades Econômicas (Cnae). O Censo traça um mapa de como estão distribuídos os jornais e revistas no Brasil. Ele também mapeia o porte das organizações e suas periodicidades. O levantamento concluiu que a maioria dos jornais e revistas brasileiros é produzida por editoras de pequeno porte, 514 (40,73%), das quais 386 publicam jornais e 128 revistas.
Ainda segundo o Censo, 16 empresas (11 jornais e 5 revistas) podem ser consideradas grandes empreendimentos no Brasil. Outras 56 (50 jornais e 6 revistas) são de porte médio.
Visão estratégica
Um dado que confirma a relevância dos números do Censo Brasil de Jornais e Revistas para o mercado de impressos é o fato de 90% dos lares brasileiros já contarem com acesso à internet. A informação é da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo IBGE em setembro do ano passado.
Para o diretor administrativo do Grupo De Fato e da Rádio Caraça FM, Thiago Jacques, o resultado do estudo comprova que o impresso tem seu público fiel: “Quando surgiu a TV, também acharam que o rádio iria acabar, mas isso não aconteceu. A gente percebe que cada meio tem sua penetração em públicos diversos. O impresso marca, registra e guarda. Então, na minha opinião, isso [o fim do impresso] não se concretizou e está longe de se concretizar”.
O diretor administrativo dos veículos itabiranos diz que ao mesmo tempo em que os meios digitais entregam uma grande quantidade de informações, eles geram também conteúdos que a audiência não deseja. Já os impressos, ao contrário, precisam trazer conteúdos com caráter analítico, mais aprofundamento. “O jornal impresso e a revista impressa têm seu propósito, continuam tendo seu leitor, sua audiência, e o que resta para nós, profissionais desse mercado, é entender como chegar nesse leitor. A gente precisa ter mais assertividade nas estratégias de comunicação”, conclui.
Quando o assunto é o alcance da publicidade, Jacques, que é também professor universitário, especialista em Marketing e Mídias Digitais, opina: “No on-line o esforço é muito maior para se chegar à audiência. Você tem um turbilhão de informações na internet e muitas vezes o leitor se perde no meio disso tudo. Por outro lado, o impresso é mais assertivo quando você tem uma estratégia direcionada, mas ele tem um custo maior pela sua própria estrutura. Fazer um jornal hoje é mais caro que fazer um site. Mas cada um tem seu papel, independentemente da questão da tecnologia”.
Sudeste lidera
Ainda de acordo com o Censo, a região do país com maior número de editoras de jornais e revistas é o Sudeste, onde operam 388 publicações (30,74%). A região Centro-Oeste vem em seguida, com 299 (23,69%). Depois aparecem o Nordeste, 278 (22,02%); Sul, 210 (16,64%); e Norte, 87 (6,89%).
Entre os jornais, o Centro-Oeste (31,8%) e o Nordeste (31,3%) são as regiões que concentram a maior parte das editoras digitais. Já o Sudeste (37,9%) e o Sul (31,6%) reúnem o maior percentual de publicações impressas.
No caso das revistas, 68,5% das publicações impressas também estão no Sudeste. O Nordeste agrega o maior número de operações digitais (39,8%), seguido pelo Sudeste (31,9%).
O Censo Brasil de Jornais e Revistas pode ser acessado na íntegra pelo link.