O presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu, nesta quarta-feira (13), à inauguração do Complexo Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre, na região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais. Ele dividiu as atenções e o palanque com o governador do estado, Romeu Zema, que também compareceu.
De acordo com o Governo Federal, toda a produção do local será destinada ao mercado interno, com previsão de fornecer 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano para a agricultura brasileira, o equivalente a 15% da produção nacional.
Com investimento de US$ 1 bilhão, em recursos próprios, essa é a primeira unidade de mineração da empresa fora do continente europeu. Fundada em 2001, a EuroChem é uma multinacional de origem russa com sede na Suíça e opera minas e instalações de produção na Europa, América do Sul, China, Cazaquistão e Rússia.
A empresa está presente no Brasil desde 2016, a partir da aquisição das empresas Fertilizantes Tocantins e Fertilizantes Heringer. Atualmente, conta com 21 unidades produtoras no país e espera gerar cerca de 1,5 mil empregos, entre diretos e indiretos, com a implantação do novo complexo em Serra do Salitre.
O empreendimento integra, em um único local, desde a extração do fosfato, matéria-prima principal, até a produção de fertilizantes granulados. Além de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados, a planta industrial produzirá 1 milhão de toneladas anuais de ácido sulfúrico e 240 mil toneladas de ácido fosfórico, subprodutos usados no processo de produção do próprio fertilizante.
“Trata-se de um ativo extremamente estratégico, pois transforma a EuroChem em um player importante na produção de fertilizantes, no Brasil e na América do Sul. Estamos alinhados com o Plano Nacional de Fertilizantes, contribuiremos com o fortalecimento da competitividade do setor e, consequentemente, com a soberania alimentar do país”, disse o diretor-presidente da EuroChem na América do Sul, Gustavo Horbach.
“Em Minas, nós só temos boas notícias do agro, e estamos batendo recordes constantes. E quem é produtor sabe do esforço do Estado para fortalecer o setor. A atração de investimentos de empresas como a EuroChem mostram que, hoje, Minas está no caminho certo para o desenvolvimento”, complementou o governador Romeu Zema.
Lula diz que país precisa acabar com importação de fertilizantes
Ainda segundo o Governo Federal, o Brasil é responsável, atualmente, por cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, ocupando a quarta posição, atrás da China, Índia e dos Estados Unidos. No entanto, mais de 80% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados, “evidenciando um elevado nível de dependência externa”.
Em seu discurso, o presidente manifestou o objetivo de o país deixar de ser importador e passar a ser autossuficiente na produção de fertilizantes. “No ano passado foram US$ 25 bilhões que nós pagamos para importar fertilizante para o Brasil. Esse dinheiro poderia ter sido pago para empresários aqui dentro, que geram emprego aqui dentro, que geram salário aqui dentro e que geram qualidade de vida aqui dentro”, acrescentou o presidente, convidando os empresários da EuroChem a investir mais no Brasil.
O presidente também falou da importância de aumentar os investimentos no setor para desenvolver ainda mais o agronegócio do país. “O Cerrado brasileiro, na década de 70, era tido como terra imprestável. Quando a gente passava no lugar e via uma mata toda torta, toda enrugada, falava ‘essa terra não presta’. Depois o que aconteceu. Com o manejo daquela terra, o Cerrado passou a ser o lugar mais produtivo desse país”, disse Lula, lembrando das incertezas criadas no setor com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, já que os russos são um grande fornecedor de insumos para produção de fertilizantes.
O presidente ainda questionou: “Se o Brasil é um país agrícola, de um potencial extraordinário, quase que imbatível hoje, pelo alto grau de investimento em ciência e tecnologia e genética, por que a gente não é, pelo menos, autossuficiente na produção dos fertilizantes que nós precisamos? (…) Não existe arma de guerra mais importante na face da terra do que o alimento. O alimento é a arma mais importante, porque é a sobrevivência de todas as espécies vivas do planeta”.
Diretrizes para eliminar a dependência
Para diminuir a dependência externa, o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, aprovou em novembro de 2023 as diretrizes, metas e ações do novo Plano Nacional de Fertilizantes. O principal objetivo é chegar a 2050 com uma produção nacional capaz de atender entre 45% e 50% da demanda interna, além de gerar oportunidades e empregos para os brasileiros.
As principais ações do plano, de curto e médio prazo, visam reativar, concluir ou ampliar fábricas de fertilizantes estratégicas para o Brasil, sobretudo nitrogenados e fosfatados. Nitrogênio e fósforo, além do potássio, estão na base da maior parte dos nutrientes químicos usados na agricultura. As informações são da Agência Brasil.
Conteúdo atualizado às 17h04