Na sequência do que temos debatido, trazemos, hoje, tema de suma relevância em todo o mundo: a busca pela igualdade de gênero. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5) estabelece como meta alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
No setor de mineração, a incorporação desse objetivo demanda uma abordagem estratégica, envolvendo desde a reconversão econômica e o planejamento sustentável das comunidades impactadas, até o tratamento dispensado às colaboradoras, em suas equipes de trabalho e em todos os níveis.
A busca pela igualdade de gênero dentro das operações mineradoras vai além de uma simples iniciativa social. Trata-se de um compromisso que envolve responsabilidade empresarial e atenção aos padrões internacionais de sustentabilidade, como os critérios ESG (Ambiental, Social e Governança). Esses critérios têm se tornado um norte para a atuação de grandes empresas, especialmente em setores de alto impacto socioambiental, como a mineração. Nesse contexto, não basta somente olhar para os aspectos econômicos; é imprescindível adotar práticas que equilibrem a preservação ambiental, promovam o bem-estar das comunidades e garantam uma gestão transparente e inclusiva.
Historicamente, as questões de gênero vêm sendo amplamente discutidas e aprimoradas, em todo o mundo, e o Brasil não é exceção. Desde os movimentos sociais que marcaram o século XX até as recentes políticas afirmativas, o país tem avançado, mas ainda enfrenta desafios significativos. A discriminação contra mulheres e a falta de oportunidades para ocuparem cargos de liderança ou áreas técnicas ainda são uma realidade em muitas indústrias, incluindo a mineração. Nesse cenário, a adoção dos critérios ESG pelas mineradoras não é apenas uma questão de atender a um checklist, mas sim de redefinir sua atuação a partir de um prisma mais humano, comprometido e sensível às novas demandas da sociedade.
Ao incluir o foco na igualdade de gênero como parte dos critérios ESG e como atendimento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, as mineradoras demonstram uma visão voltada para o futuro. Isso passa por reavaliar suas políticas internas e, ao mesmo tempo, contribuir para a criação de um ambiente mais diverso e menos segregador.
A adoção de práticas que mitiguem discriminações é um ponto chave nessa transformação. Medidas como a contratação e o treinamento de mulheres em funções tradicionalmente ocupadas por homens, a garantia de igualdade salarial e a promoção de uma cultura corporativa de respeito são fundamentais. As ações de inclusão de gênero precisam se desdobrar em iniciativas concretas, que permitam o avanço da equidade e fortaleçam as lideranças femininas dentro das corporações.
Quando falamos de medidas mitigadoras de discriminação, estamos tratando de muito mais do que de ações paliativas. É necessário criar programas estruturados que envolvam políticas de combate ao assédio, ao preconceito e à violência no ambiente de trabalho. Além disso, é essencial garantir suporte para mulheres que desejam ingressar em funções técnicas e de decisão. Em um setor historicamente dominado por homens, é importante que as mineradoras deem voz a essas mulheres, permitindo sua ascensão e participação ativa em decisões estratégicas.
A evolução dos conceitos de gênero é um fenômeno que transcende fronteiras. A luta pela igualdade tem ganhado espaço nas discussões internacionais, refletindo-se em convenções e acordos globais que reconhecem a importância de eliminar as barreiras que impedem as mulheres de alcançar seu pleno potencial. As empresas que alinham suas práticas com esses princípios elevam sua posição no mercado, para além de cumprirem seu papel social, atraindo investidores que valorizam uma abordagem inclusiva e sustentável.
A importância de se adotarem medidas efetivas contra discriminações vai além dos resultados financeiros. E extrapola os limites corporativos. Ela está diretamente ligada, também, à responsabilidade qualificada que as mineradoras têm em promover uma transformação real e sustentável nos territórios onde operam. Isso envolve escutar as comunidades, entender suas necessidades e ser um agente ativo na promoção de um futuro mais justo, inclusivo e equilibrado. A preparação dos territórios minerados para o futuro requer a reabilitação ambiental, a preservação da história e dos costumes locais, a elevação dos níveis de desenvolvimento econômico, mas também deve focar, substancialmente, no desenvolvimento humano, e é aqui que o ODS 5 encontra sua aplicabilidade de forma mais direta e transformadora.
ODS 5 e comunidade
Uma das principais ações necessárias para cumprir o ODS 5 é a capacitação das mulheres nas comunidades afetadas. Para tal, as mineradoras devem criar programas educacionais que atendam às necessidades específicas desse público, possibilitando o aprendizado de habilidades técnicas, empreendedoras e de liderança. Esses programas são fundamentais para fomentar a inclusão de gênero em todas as esferas, desde cargos operacionais até posições de gestão nas empresas e na economia local.
A capacitação de mulheres também contribui para a criação de uma cultura de respeito e valorização da diversidade de gênero nas atividades econômicas e sociais. Ao garantir o acesso igualitário a oportunidades, as mineradoras podem influenciar positivamente na transformação da realidade de muitas mulheres e meninas.
As mineradoras que adotam políticas integradas de gênero e inclusão, sob os critérios ESG, demonstram um compromisso que transcende, de fato, a simples responsabilidade corporativa. Elas passam a ser vistas como aliadas no desenvolvimento das comunidades, participando de processos de reconversão econômica que abrem novas perspectivas para todos. No final, ao abraçarem essa jornada, as mineradoras poderão lograr a melhoria de sua reputação junto às comunidades e no mercado, além de impulsionarem um ciclo de desenvolvimento que beneficia tanto as pessoas quanto o meio ambiente.
No âmbito do ODS 5, a responsabilidade qualificada das mineradoras é uma premissa fundamental. Isso significa que as empresas precisam adotar uma postura proativa e comprometida com o bem-estar das pessoas e o equilíbrio ambiental. A responsabilidade qualificada envolve a formulação de políticas que protejam direitos humanos, promovam a diversidade e garantam a igualdade de gênero em todos os níveis de decisão.
Para isso, é necessário um compromisso concreto com as comunidades, por meio de diálogos permanentes, transparência nas ações e respeito à cultura local. A sustentabilidade socioambiental depende de medidas práticas e eficazes que considerem as realidades locais e promovam a justiça social em suas atividades.
A transformação não é imediata e tampouco simples, mas é necessária e urgente. As mineradoras que entendem esse chamado e colocam em prática ações para promover a igualdade de gênero e mitigar discriminações estão pavimentando o caminho para um futuro mais sustentável e inclusivo. Elas deixam um legado positivo não apenas para o setor, mas para a sociedade como um todo, criando uma nova narrativa para a relação entre desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Assim, o setor de mineração pode, de fato, ser um catalisador de mudanças, inspirando outras indústrias a seguirem o mesmo caminho de responsabilidade qualificada e compromisso genuíno com a equidade e a sustentabilidade.
A construção de um futuro mais inclusivo e justo é uma responsabilidade compartilhada, e as mineradoras possuem um papel relevante na promoção de práticas que empoderem mulheres, transformem comunidades e assegurem um legado positivo para todos os envolvidos.
Para o presente e para o futuro.