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Mineração Alinhada ao ODS 3: Garantindo Saúde e Bem-Estar

Foto: Camila Cunha

 

 A mineração, enquanto atividade de grande impacto social e ambiental, está diretamente relacionada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS 3). Na sequência de nossos artigos, trataremos das relações da atividade minerária com o atendimento a esse objetivo, que visa alcançar melhores condições de saúde para todos.

O ODS 3 busca garantir saúde e bem-estar em todas as idades, promovendo uma abordagem abrangente que inclui a erradicação de doenças, a melhoria da saúde materna e infantil, o fortalecimento da saúde mental e a redução de mortes por causas evitáveis. Além de ser um direito humano fundamental, a saúde é uma base essencial para o desenvolvimento sustentável.

Esse objetivo reconhece a saúde como um pilar que vai além da simples cura de doenças, abrangendo também a prevenção, promoção de estilos de vida saudáveis e o fortalecimento dos sistemas de saúde para que sejam equitativos e acessíveis. Dessa forma, a saúde passa a ser vista como parte de uma estratégia ampla de desenvolvimento.

A atividade minerária afeta a saúde pública em vários aspectos, desde o ambiente de trabalho dos empregados até as comunidades locais que convivem com os impactos da operação. E, ao considerar esse impacto, cabe refletir: como as mineradoras podem reduzir os riscos e promover ativamente o bem-estar? Não basta apenas focar na saúde ocupacional, é preciso ir além.

Historicamente, o setor de mineração tem sido associado a problemas de saúde ocupacional, como doenças respiratórias causadas pela exposição a poeiras e substâncias tóxicas. No entanto, à medida que as normas de segurança evoluíram, muitas empresas passaram a adotar melhores práticas. Programas de proteção, incluindo sistemas de ventilação eficientes e o uso de equipamentos de proteção individual de alta qualidade, são cada vez mais essenciais. Essas práticas mostram progresso, mas será que são suficientes para enfrentar os desafios do futuro? O avanço constante da tecnologia deve ser acompanhado de um compromisso igualmente forte com a saúde dos trabalhadores.

Esse compromisso, porém, não pode se limitar aos trabalhadores. As comunidades que vivem ao redor das operações minerárias sofrem os impactos diretos da mineração. A emissão de poeira, a contaminação de recursos hídricos e o ruído constante afetam o bem-estar e a qualidade de vida dessas populações.

Para responder a esses desafios, as mineradoras têm implementado programas de monitoramento ambiental com o intuito de controlar os poluentes atmosféricos e as emissões de ruído. Mas, com tudo isso, surge a pergunta: será que as ações tomadas até agora são suficientes? As comunidades esperam mais do que mitigação de danos; elas esperam uma verdadeira parceria para a melhoria de sua qualidade de vida.

Outro ponto crucial que muitas vezes passa despercebido é a saúde mental. Tanto os trabalhadores quanto as comunidades circundantes enfrentam desafios que afetam o bem-estar emocional. No caso dos trabalhadores, o ambiente nas minas pode ser estressante, com jornadas intensas e a exposição constante a condições de risco.

Para as comunidades, o medo de deslocamentos e a degradação ambiental geram sentimentos de insegurança e desconforto psicológico. Integrar os cuidados com a saúde mental é uma medida que pode gerar impactos significativos. As mineradoras têm o poder de transformar essa realidade ao oferecer suporte psicológico e programas de bem-estar, garantindo que todos sejam parte ativa desse processo de transformação.

Além de minimizar os impactos negativos, as mineradoras podem desempenhar um papel ativo na promoção da saúde pública. O desenvolvimento de programas e parcerias voltados para o bem-estar das comunidades já está em curso em algumas empresas. Desde a oferta de serviços médicos básicos até a criação de campanhas de conscientização sobre doenças prevalentes, essas iniciativas mostram que é possível ir além das obrigações legais. Esses programas não apenas fortalecem o relacionamento entre as mineradoras e as comunidades, mas também promovem uma convivência mais harmoniosa e colaborativa. Esse é o tipo de compromisso que as comunidades esperam e precisam.

O avanço da automação e do uso de tecnologias digitais também tem permitido que as atividades de maior risco sejam realizadas por máquinas, reduzindo a exposição dos trabalhadores a situações perigosas. A implementação de sistemas de monitoramento remoto, por exemplo, já está em prática em diversas mineradoras, permitindo que operadores monitorem a operação de máquinas e equipamentos a distância.

Isso não só promove a segurança dos funcionários, mas também melhora a eficiência. Além disso, a utilização de tecnologias sem emissões, como veículos elétricos, reduz a quantidade de poluentes atmosféricos liberados durante as operações, melhorando a qualidade do ar e contribuindo diretamente para o bem-estar tanto dos trabalhadores quanto das comunidades vizinhas.

A adoção dos critérios ESG (Environmental, Social and Governance) oferece um norte para que as mineradoras integrem as questões de saúde e bem-estar em suas estratégias operacionais. As mineradoras, ao alinharem suas práticas com os critérios ESG, podem alcançar uma atuação mais responsável, que vai além dos resultados econômicos. Minimizar os impactos ambientais e promover um ambiente saudável para trabalhadores e comunidades é essencial para garantir um futuro mais sustentável.

No campo social, o compromisso com o bem-estar vai além dos trabalhadores e se estende às comunidades locais. Promover iniciativas que melhorem a qualidade de vida e contribuam para o desenvolvimento humano é parte desse compromisso. Quando as mineradoras envolvem as comunidades em suas decisões e investem em programas de saúde, elas não apenas fortalecem o capital social, mas também geram confiança, um elemento essencial para qualquer atuação responsável e sustentável.

No que diz respeito à governança, a promoção da saúde e do bem-estar requer que as mineradoras implementem políticas de transparência e responsabilidade em suas operações. É fundamental que as mineradoras divulguem de maneira clara e acessível os riscos associados à mineração e que adotem práticas de comunicação aberta com as comunidades locais. A governança responsável implica também no cumprimento rigoroso de regulamentos de saúde e segurança, assegurando que as operações atendam aos mais altos padrões de proteção à saúde. Além disso, o envolvimento ativo das partes interessadas na tomada de decisões reforça a governança responsável, promovendo uma gestão participativa e inclusiva que valoriza as necessidades e os direitos das comunidades impactadas.

Mineração x respeito à vida

O avanço das práticas de saúde e bem-estar no setor de mineração é parte essencial de uma abordagem responsável e sustentável. Ao adotar uma postura de responsabilidade qualificada, as mineradoras podem contribuir significativamente para o ODS 3, promovendo ambientes de trabalho seguros, protegendo a saúde das comunidades e minimizando os impactos ambientais.

Essa abordagem exige uma mudança contínua nas práticas operacionais, o investimento em inovação tecnológica e o fortalecimento de uma cultura organizacional que valorize a sustentabilidade e o respeito à vida. A promoção da saúde pública e do bem-estar deve ser vista como uma extensão da responsabilidade corporativa das mineradoras, que têm o poder de influenciar positivamente o ambiente em que operam e de contribuir para um futuro mais saudável e próspero para todos.

Contribuir para a saúde e o bem-estar não é apenas uma obrigação legal; é uma oportunidade única de moldar o futuro de forma responsável e sustentável. As mineradoras, ao adotarem práticas que vão além do básico, têm o poder de transformar não só o setor, mas também a vida de milhares de pessoas que dependem direta ou indiretamente de suas operações. O desafio está em fazer com que esse impacto positivo seja duradouro e amplamente sentido.

O ODS 3 nos lembra que a saúde é um direito universal e uma base para o desenvolvimento sustentável. Portanto, cabe às mineradoras se posicionarem como protagonistas dessa transformação, indo além da mitigação de danos e assumindo um papel ativo na promoção do bem-estar coletivo.

A verdadeira mudança começa quando as empresas percebem que cuidar das pessoas e do meio ambiente não é apenas uma questão de reputação, mas de sobrevivência. Quando saúde e sustentabilidade se tornam pilares centrais das operações, todos ganham — trabalhadores, comunidades, empresas e o planeta. O futuro depende das escolhas que fazemos hoje. E a pergunta que fica é: estamos preparados para assumir esse compromisso?

Mariana Santos e Márcia Itaborahy
Mariana Santos e Márcia Itaborahy

MM Advocacia Minerária

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