A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) falou sobre os possíveis impactos gerados pelo projeto em Conceição do Mato Dentro e apontou a falta de transparência da Vale no repasse de informações.
O projeto Serra da Serpentina é um empreendimento de grande porte da Vale que pretende se instalar em Conceição do Mato Dentro e abranger outros dez municípios de Minas Gerais. De acordo com a mineradora, o objetivo é explorar minério de ferro na região de Conceição do Mato Dentro e transportá-lo via mineroduto até o município de Nova Era. No momento, o projeto se encontra em fase de licenciamento e ainda não possui licenciamento ambiental.
A possibilidade de um novo projeto minerário em Conceição do Mato Dentro tem fomentado algumas discussões no setor mineral, principalmente, em Minas Gerais. Em entrevista ao Cidades e Minerais, o consultor de relações institucionais e econômicas da AMIG, Waldir Salvador, apontou a falta de transparência da Vale em relação às informações e a falta de conhecimento do município sobre o projeto.
“A nossa condição de opinar sobre o projeto é baixíssima porque a Vale não é transparente. A gente não conhece o processo com profundidade. O próprio prefeito da cidade, a cidade como um todo, o poder legislativo e o executivo não conhecem com profundidade o projeto. Esse é um dos grandes problemas da mineração brasileira.” – destacou.
De acordo com Waldir, a obrigação de uma mineradora, ao desenvolver um projeto, é apresentá-lo ao município e esclarecer aspectos como a expectativa de geração de empregos e impactos sociais, ambientais, urbanos e tributários. O consultor também ressaltou que s AMIG sempre se posiciona de forma favorável à atividade mineradora se esta for realizada de forma responsável e correta.
“Todos esses impactos têm que ser apresentados à sociedade junto com os impactos positivos. As empresas não estão habituadas, parece que elas não entenderam que elas exploram uma commodity que é do país, e não deles. A gente é completamente a favor da atividade, mas é completamente a favor de uma nova conduta das mineradoras.– afirmou.
Sobre a construção de um novo mineroduto
De acordo com o EIA/RIMA da Vale, o Projeto Serra da Serpentina envolve a construção de um mineroduto de, aproximadamente, 115 km para transportar o minério de ferro até o pátio ferroviário da Vale, em Nova Era. A possibilidade desta obra tem despertado insegurança nos moradores de Conceição do Mato Dentro que temem pelo uso e poluição dos recursos hídricos.
É importante ressaltar que o município sedia o maior mineroduto do mundo, o qual é utilizado pela Anglo American. Em relação à possibilidade de um novo mineroduto, a AMIG questiona a escolha deste modelo de transporte e ressalta a dificuldade de opinar devido à falta de informações. De acordo com a associação, o mineroduto não gera riquezas e não agrega valor econômico para o município, além do impacto ambiental causado sobre os recursos hídricos.
“Por que não se pode fazer ferrovia em vez de mineroduto? Ferrovia não gasta água, a ferrovia gera outras riquezas porque o transporte não precisa ser exclusivamente de minério, onde você passa um trem você passa inúmeras coisas. Isso foi discutido com a sociedade? Existe alguma alternativa ao mineroduto como a ferrovia, que gera outras riquezas? O mineroduto não gera riqueza, o que ele agrega de valor econômico a uma cidade? Nada! A ferrovia pode transportar outros produtos, transportar gente, dar competitividade às regiões que a ferrovia passa, mas a gente não sabe, às vezes não tem condições mesmo, às vezes não é economicamente viável, mas como é que nós vamos saber se não conhecemos o projeto? É errado. Muito errado.”
O prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando de Oliveira, também se pronunciou sobre o projeto. Saiba mais em: