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Vale aciona sirene acidentalmente e assusta moradores de Barão de Cocais

Foto: Street View - Alarme falso foi emitido a partir da barragem Inferior Sul da mina de Gongo Soco; Cidade convive com risco de rompimento da barragem Superior Sul, em nível 3 de emergência

 

Moradores de Barão de Cocais, importante cidade do Quadrilátero Ferrífero, passaram por uma situação de alarme falso na tarde dessa terça-feira, 8 de agosto. A sirene de alerta de rompimento da barragem Sul Inferior da mina de Gongo Soco foi acionada indevidamente pela Vale. A estrutura não tem risco de rompimento, segundo a mineradora.

A Prefeitura de Barão de Cocais informou que, após tomar conhecimento do fato, a Defesa Civil do município, em conjunto com o mesmo órgão de Santa Bárbara, enviou ofício solicitando esclarecimentos sobre o acionamento acidental das sirenes.

No alerta emitido, compartilhado em redes sociais, após tocar a sirene, a empresa recomendou que moradores deixassem as residências e seguissem pelas rotas de fuga já conhecidas até um ponto de encontro, permanecendo nele até que fossem repassadas “novas instruções”. O alerta equivocado ainda informava de que se tratava de uma “situação real de emergência de rompimento de barragem”.

Procurada pelo CidadesMineradoras.com.br, a Vale informou em nota que lamenta o ocorrido e que está apurando o motivo do acionamento indevido do alarme:

“Nesta terça-feira (8/08), às 16h34, houve acionamento acidental do sistema de sirene da barragem Sul Inferior, localizada na Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG). A Vale lamenta e pede desculpas pelo ocorrido. A empresa informa que está apurando a causa do acionamento acidental. É importante destacar que a Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem está evacuada desde 2019. A Vale ressalta que não houve alteração na condição de segurança da estrutura e que realizou os comunicados às comunidades por meio das lideranças comunitárias e aos principais órgãos competentes. As barragens da Vale passam por inspeções rotineiras de campo e são monitoradas permanentemente por uma série de instrumentos e pelo Centro de Monitoramento Geotécnico”, diz a nota.

A estrutura e os riscos

Na região, a estrutura que encontra-se em alerta máximo para risco de rompimento, classificada em nível 3 de emergência no Plano de Ação de Emergências para Barragens de Mineração (PAEBM), é a barragem Superior Sul, e não a Inferior, cujo alerta foi acionado de forma equivocada nessa terça-feira.

Desde o início de 2019, a cidade convive com o medo de rompimento da Superior Sul. O rejeito passará pela sede de Barão de Cocais, em caso de rompimento da estrutura. Na cidade, algumas calçadas foram pintadas de laranja para sinalizar áreas de risco.

O caso mais peculiar envolve o distrito de Socorro, onde os cerca de 400 moradores tiveram que abandonar suas casas sem poder recolher seus pertences. Lá, a Igreja Nossa Senhora Mãe Augusta do Socorro, a mais antiga do município, construída em 1737, havia acabado de ser reformada quando houve a evacuação. O templo é tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal.

Multas

Não só a Vale como outras grandes mineradoras já têm decisões judiciais prevendo multas em caso de acionamento de sirene de rompimento de barragens sem que se tenha situação de risco ou de treinamento previstos no PAEBM. Em Itabira, a Vale foi condenada em segunda instância a pagar R$ 100 mil a cada vez que episódios semelhantes se repetirem.

Há caso de disparos de sirenes indevidos pela mineradora também em São Gonçalo do Rio Abaixo. Já em Santa Bárbara, cidade vizinha de Barão de Cocais, a Anglo Gold Ashanti foi responsável por gerar apreensão com o aumento de trincas em estrutura de uma barragem. Saiba mais.

Atualizado em 10/08/2023, às 08h35

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