Há anos sofrendo com um problema que parece sem solução, a cidade de Congonhas, na Região Central do estado, nos últimos dias voltou a conviver com o transtorno da poeira provocada pela mineração suspensa no ar. Durante o último fim de semana, moradores fizeram inúmeros registros das más condições para respirar.
O problema geralmente deriva da Mina Casa de Pedra, localizada na serra de mesmo nome, onde a CSN Mineração opera. Desta vez, a empresa atribuiu a nuvem de poeira a um ciclone com rajadas de vento de até 80 km/h na região. Em nota, a mineradora informou que interrompeu temporariamente as operações nos momentos de maior intensidade dos ventos, de modo a “mitigar o impacto da poeira”.
No mês passado, após mais um episódio de lançamento intenso de partículas no ar, registrado no último dia 13 de julho, a Prefeitura de Congonhas solicitou a paralisação das atividades das mineradoras até a normalização das condições climáticas no estado.
“A combinação de ventos, tempo seco e área sem vegetação devido ao grande porte das minas da CSN e outras. Acontecem várias por ano, mas em 2023 é a primeira das fortes, porque as condições climáticas foram de certa forma favoráveis até hoje. Ainda não havia ventado forte e ocorreu chuva atípica até o mês de junho, mas de agora em diante só para quando chover”, disse o Diretor de Meio Ambiente e Saúde da União das Associações Comunitárias de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza, ao portal G1.
Ainda segundo o líder comunitário, moradores de Congonhas lutam para impedir a ampliação da área de mineração na cidade, que já desmatou cerca de 40% do território do município e ainda há solicitações de ampliação da área de trabalho.
400 toneladas de poeira
A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) acompanha o caso com preocupação. A entidade cobra que os municípios tenham atenção para defenderem seus direitos diante de situações do tipo e que se atualizem sobre a Agenda ESG (Environmentm,Social e Governance), criada para pactuar práticas sustentáveis na mineração .
“Congonhas tem um particularmente de pó que são 400 toneladas de poeira por dia. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad) fala que é isso e que não sabem como resolver. Vai umidificar as minas, vai ter polímero, vamos avaliar anualmente, de três em três ou de cinco em cinco anos? O impacto era o que estava previsto lá o EIA/RIMA? Não foi o bastante? ESG tem que tratar dessa transparência toda”, recomenda Waldir Salvador, Consultor de Relações Institucionais da Amig.
Após o problema ocorrido no mês passado, o Ministério Público Estadual acionou a Fundação Estadual do meio Ambiente (Feam) para que medidas sejam tomadas para mitigar os impactos da mineração em Congonhas. A CSN informou que realiza uma série de ações para reduzir a emissão de particulados” como “umectação de vias, aspersão de pilhas e utilização de polímeros”, o que, evidentemente, vem sendo insuficiente para resolver o problema.
Minas urbanas
O transtorno provocado pela poeira da mineração é caso típico de cidades que têm mineração em área urbana. Além de Congonhas, é o caso de municípios como Paracatu, Barão de Cocais e Itabira. Na terra do poeta Carlos Drummond de Andrade, berço da Vale, uma das maiores e mais importantes mineradoras do mundo, o último episódio de lançamento de particulamento ocorreu em 13 de julho, mesma data em que Congonhas sofria com o problema. No caso de Itabira, o transtorno foi provocado por explosões na Mina Periquito. Saiba mais.