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Mineração brasileira vive momento de transformação após desastres de Mariana e Brumadinho

Imagem: Pixabay - Após tragédias em Mariana e Brumadinho, a indústria minera se esforça para conquistar uma nova "licença social" e recuperar a confiança pública com a mineração

 

Os desastres socioambientais provocados pelas barragens de rejeitos minerais da Samarco em Mariana (MG), em 2015, e da Vale em Brumadinho (MG), em 2019, tiveram um impacto profundo não só nas comunidades locais, mas em toda a reputação do setor de mineração no Brasil.

Com 19 mortos em Mariana e 272 em Brumadinho, esses episódios marcaram a história do país, e até hoje continuam a repercutir negativamente, com novos processos judiciais e relatos de pessoas cujas vidas foram devastadas pela lama das barragens.

Esses desastres não afetaram apenas as empresas diretamente envolvidas, como Samarco, BHP Billiton e Vale, mas toda a indústria mineral, que agora se vê diante do desafio de reconstruir sua relação com a sociedade e obter uma nova “licença social” para operar.

A imagem da mineração no país e sua restruturação

Historicamente, a mineração no Brasil nunca foi bem vista pela população. A atividade é muitas vezes associada a garimpo ilegal, que contamina rios com mercúrio, além de evadir divisas do país.

A memória coletiva remonta a episódios como o trabalho desumano em Serra Pelada, amplamente denunciado nas imagens de Sebastião Salgado, e o impacto ambiental que foi imortalizado em poesias de Carlos Drummond de Andrade, como no famoso trecho de “Lira itabirana”.

Para reverter essa visão negativa, o setor precisaria não apenas de discursos, mas de ações concretas.

As ações da indústria mineral para reconquistar a confiança da sociedade começaram a gerar resultados. Pesquisas de opinião encomendadas pelo Ibram mostram que o setor está conseguindo superar a desconfiança, com 62% da sociedade agora aprovando suas atividades.

Uma das principais iniciativas foi a criação, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Igarapé e a WWF, de um sistema para rastrear o comércio ilegal de ouro e incentivar transações legais.

Além disso, o Ibram buscou parcerias com órgãos como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fiscalizar o mercado de ouro e implementar medidas rigorosas com a Receita Federal, que agora exige a emissão de notas fiscais eletrônicas para a comercialização de ouro.

Essas ações têm sido essenciais para mostrar que a indústria da mineração está ciente de seus desafios e comprometida com práticas mais responsáveis, buscando, assim, retomar a confiança da sociedade e garantir um futuro mais sustentável para o setor.

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