A ArcellorMittal vai adiar por dois anos os investimentos em Minas Gerais, o que afetará a usina de João Monlevade. O montante previsto que deixará de ser investido no período, segundo estimativas da empresa, é em torno de R$ 800 milhões. A informação foi apurada e publicada pelo Valor Econômico.
O anúncio dos investimentos de R$ 4,3 bilhões no Brasil para incrementar a produção de aço havia sido feito pela empresa ao final de 2021, na véspera de a siderúrgica completar 100 anos, o que causou otimismo ao mercado.
O argumento da companhia sobre a paralisação dos investimentos na planta de João Monlevade é de que será necessário realizar uma revisão da tecnológica dos equipamentos, o que elevará seu reembolso em R$ 300 milhões. Em Minas, além de João Monlevade, há previsões de recursos para a unidade de Itatiaiuçu.
Certificação ResponsibleSteel
A unidade da ArcelorMittal em João Monlevade recebeu recentemente um importante reconhecimento internacional na área de sustentabilidade. A planta industrial, que completou 87 anos de atividades, teve suas operações certificadas, em dezembro de 2022, de acordo com padrão ResponsibleSteel, uma iniciativa global de normalização e certificação que trabalha para maximizar a produção responsável de aço.
Segundo a empresa, durante um ano a unidade passou por um rigoroso processo de auditoria conduzido pela DNV (Det Norske Veritas). A avaliação incluiu o levantamento de informações detalhadas sobre as práticas sustentáveis desenvolvidas pela planta industrial, trabalho de campo para compilação de indicadores e entrevistas com os stakeholders e lideranças da empresa.
“Esta conquista demonstra que o aço foi produzido de maneira responsável em todas as etapas na unidade de Monlevade – desde o recebimento da matéria-prima até a entrega de soluções para o mercado. Além disso, reforça o fato de que a ArcelorMittal tem as melhores práticas de sustentabilidade no mundo”, diz o Diretor de Operações da unidade de Monlevade da ArcelorMittal, Fabiano Castelli.
Ainda segundo a ArcellorMittal, os auditores da DNV Brasil visitaram todas as instalações da Unidade de Monlevade para avaliar as operações e processos segundo os princípios do ResponsibleSteel. Eles também interagiram com os empregados, terceiros, representantes da Câmara Municipal e de projetos sociais, líderes da comunidade, entre outros.
“A certificação ResponsibleSteel é uma das mais complexas a serem conquistadas. Ela avalia os padrões de Governança, desde os processos de descarbonização até o respeito aos direitos humano, comunidades locais e empregados, desde a segurança dos empregados e processos até o uso responsável de recursos naturais”, explica Castelli.
Ainda de acordo com o diretor de operações, algumas práticas da usina de Monlevade foram elogiadas pela DNV. “O plano diretor de Biodiversidade, a alta taxa recirculação de água, que é de 98,77% e os treinamentos nas políticas conduta e anticorrupção para fornecedores tiveram destaque. O combate ao trabalho infantil, a formação de equipe de voluntários e apoio a projetos sociais na região, como o Acordes, de ensino de música erudita para crianças e jovens, são outras ações que receberam boas notas no relatório”, revela.
As metas da empresa de contar com 25% de mulheres em cargos de liderança até 2030 e de neutralidade em carbono até 2050 também ganharam atenção dos auditores.
Reconhecimento
Fundada em 1937, a planta industrial de Monlevade é a única fabricante brasileira de aço utilizado para a produção de cordoalhas aplicadas na fabricação de pneus (steelcord). A usina produz aços longos com características especiais para fabricação de autopeças como barras para amortecedores, molas helicoidais, fixadores, lã de aço, cabos e soldas. O aço da planta industrial está em três de cada quatro pneus utilizados no Brasil.
A CEO do ResponsibleSteel, Annie Heaton , classificou a certificação como “empolgante” e lembrou que o trabalho vem sendo desenvolvido há um longo tempo. “É um reflexo da dedicação e do trabalho árduo da unidade de Monlevade da ArcelorMittal para garantir que estejam atendendo aos mais altos padrões de produção responsável de aço. Além de alcançar a neutralidade de emissões de carbono até 2050, eles também estabeleceram um compromisso intermediário de reduzir em 10% as emissões dos escopos 1 e 2 até 2030. Tiveram também muito cuidado em atender as necessidades dos empregados e da comunidade local e de implementar práticas que protejam o ambiente natural ao seu redor”, revela a CEO.
O relatório da equipe de auditoria teve a revisão de um painel independente antes de ser emitido. O certificado da unidade de Monlevade tem validade de três anos e é o segundo obtido por uma operação da companhia no Brasil. A unidade de Tubarão havia sido certificada em março de 2022. O objetivo da ArcelorMittal é certificar todas as usinas no Brasil até dezembro de 2023.