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“Uma nuvem se aproxima da janela” – Conheça a história de uma família mineira atingida pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana

Reprodução: Instagram | @cadacantoumcafe

“Uma nuvem se aproxima da janela” é uma obra literária escrita pelas jornalistas Carol Vieira e Hariane Alves. O livro retrata o rompimento da Barragem de Fundão a partir da história de uma família do distrito de Bento Rodrigues que foi diretamente afetada pela tragédia. Leia a matéria a seguir e saiba mais sobre a obra.

A ideia surgiu como produto de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) desenvolvido por Carol e Hariane, na Faculdade de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). As autoras participaram ativamente da cobertura jornalística e presenciaram as consequências imediatas pelo desastre no distrito de Bento Rodrigues. Desse modo, o objetivo da obra é narrar o ocorrido de uma forma diferente, valorizando as memórias e os costumes a partir da história da família protagonista, afirmou Carol Vieira.

“O rompimento da barragem ocorreu. Ele rompeu laços e acabou com uma comunidade tradicionalmente mineira, de costumes, de histórias, de plantio. A gente queria contar que o rompimento da barragem não foi só a maior tragédia socioambiental do planeta. Ele não só matou 16 pessoas e deixou 1 pessoa desaparecida até hoje. Ele acabou com uma comunidade genuinamente mineira.”

O livro é atravessado por um forte vínculo que foi formado entre as autoras e a família protagonista da história. Além da dimensão afetiva, o desenvolvimento da obra passou por um longo processo de pesquisa. Carol Vieira afirma que a coleta de dados e a participação nas reuniões de reparação e reconciliação foram fundamentais nesse processo, pois muitas famílias foram desacreditadas.

Sobre o nome da obra

Em entrevista ao Cidades e Minerais, Carol Vieira falou com exclusividade sobre o nome escolhido para o livro. “Uma nuvem se aproxima da janela” é uma referência à uma das personagens.

“No momento do rompimento da barragem ela estava dando banho na filha pequena dentro de casa. Ela estava na banheira e, como era muito perto o subdistrito da sede da mineradora, ela ouviu o estrondo, olhou pela janela e disse ‘acho que vai chover. Vou tirar minha filha do banho, fechar a janela, arrumá-la e seguir minha vida’.”

Foi neste momento que Paula, uma das personagens que teve grande protagonismo nas discussões acerca do desastre, chegou ao local dizendo que a Barragem de Fundão havia se rompido e pedindo para as pessoas correrem. Inicialmente, para os moradores de Bento Rodrigues, era apenas uma nuvem de chuva.

“Pelo nome e pela diagramação da capa, que é uma diagramação leve, as pessoas me questionaram se eu estava romantizando. Não, eu não estou romantizando. Eu estou dizendo que para além do rompimento da barragem essas pessoas tinham uma história e é uma história mineira. […] Houve todo um contexto de cumplicidade, de uma história, de uma memória, de um vizinho… Eles tomavam cafés entre eles, como eles poderiam correr e deixar para trás o vizinho?”

A autora afirmou, ainda, a importância de uma mineração sustentável. Segundo Carol, é necessário pensar nos impactos e, principalmente, nas famílias, as quais tiveram suas vidas completamente modificadas pela tragédia.

Sobre as autoras

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Foto: Reprodução | Redes sociais

Carol Vieira e Hariane Alves são jornalistas graduadas pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Juntas, participaram ativamente da cobertura jornalística do rompimento da Barragem de Fundão, em 2015.

O livro “Uma nuvem se aproxima da janela” foi lançado pela editora Lisbon International Press e pode ser adquirido virtual ou presencialmente, em diversas livrarias do Brasil e de Portugal.

 

 

 

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