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Um universo chamado mineração

Foto: Vale

 

A mineração existe desde a pré-história. É uma das atividades mais antigas da humanidade que moldou, ao longo do tempo, as paisagens culturais e influenciou a evolução das civilizações em todas as partes do mundo. Há cerca de 6000 a.C, o cobre já era objeto de fundição, o homem adquiriu conhecimento de técnicas para derreter e moldar esse mineral, e passou a usar moldes de pedra ou barro para o cobre derretido produzindo ferramentas (agrícolas e de luta).

Após alguns milhares de anos, começou a produzir um metal mais resistente: o bronze, uma liga do cobre com o estanho se tornava matéria-prima para a confecção de capacetes, martelos, lanças e outros objetos. Por volta de 3,5 mil anos atrás, o homem já estava dominando a metalurgia muito bem e foi então que passou a fabricar o ferro em fornos de altas temperaturas.

À medida que os avanços em metalurgia prosseguiam, o homem aprendeu que, usando o fogo como fonte de calor e misturando diferentes minérios e carvão, poderia produzir metais mais duros. A fusão da mistura de diferentes minérios deu origem à Idade do Ferro, que ocorreu em torno de 1000 a.C. no nordeste da Região Mediterrânea. Com o ferro, as armas ficaram mais resistentes e eficientes, independentemente de qual fosse a sua função. Utensílios domésticos também foram criados, como potes, facas e panelas.

O domínio sobre os metais influenciou nas disputas entre as comunidades que competiam pelas melhores pastagens e áreas férteis. Essas disputas geraram as primeiras guerras e o processo de dominação de uma comunidade sobre outra. Os tempos mudaram e as disputas e dominações, embora diferentes e com novos contextos, continuam acontecendo. A atividade mineraria fomentando a siderurgia e demais setores, foi essencial para a evolução do mundo. Presente em guerras e revoluções, inclusive sendo pivô da revolução industrial e outros relevantes fascículos da história da humanidade.

Impactos e avanços da mineração

Nos dias de hoje e para o futuro das transições energéticas e intenções sustentáveis, a mineração é essencialmente importante, como podemos ver a corrida pelas baterias cada vez mais potentes e duradouras que necessitamos. Se por um lado temos a certeza dos diversos impactos causados e a necessidade da redução ou mitigação necessária destes impactos, por outro lado é inegável a importância do setor e sua capacidade de geração de renda e avanços para todo o mundo.

A mineração no Brasil, atividade que em 2022 respondeu por um faturamento de R$ 250 bilhões, originado pela produção estimada de 1,05 bilhão de toneladas, recolheu R$ 86,2 bilhões em impostos e tributos totais e arrecadou R$ 7,08 bilhões de CFEM, congrega mais de 7.300 empresas e microempreendedores individuais, além de gerar mais de 204 mil empregos diretos. O impacto positivo dessa atividade refletiu-se, em 2022, em 2.699 municípios, número correspondente a 48% dos municípios brasileiros. A exploração de riquezas minerais no subsolo brasileiro abrangeu, em sua produção, cerca de 91 tipologias minerais.

Tenho aprendido que a diferença entre o remédio e o veneno está na dose. Em um país em que até o passado é incerto, urge trabalhar com o equilíbrio necessário para que o potencial sustentável da mineração seja alcançado, na pratica, ao seu nível máximo. Corrigir rotas, ajustar legislações e inovar os conceitos é urgente para que o Brasil, rico em minerais, seja de fato próspero neste importante segmento e refletindo em outros também importantes.

Nesta coluna que humildemente passo a escrever, pretendo abordar diversos temas ligados a mineração e a política que envolve o setor, enaltecendo fatos e histórias, mas, principalmente as pessoas. Sim, são elas que movem a grandeza dessa riqueza e quase sempre não são reconhecidas.

Como filho e neto de minerador, trabalhando há 20 anos neste ambiente, nascido no berço de uma das maiores mineradoras do mundo, com a herança poética do filho ilustre da minha cidade, o nosso saudoso poeta Carlos Drummond de Andrade – e na luta em funções que atualmente ocupo tais como presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região e membro do Conselho de Administração da Vale no Brasil –, pretendo compartilhar informações, histórias, aprendizados e assuntos diversos desse universo tão grandioso, antagônico, complexo, mas inegavelmente maravilhoso em vários aspectos.

Desde já, pelos meios de contato disponíveis, me coloco à disposição para interações com os leitores que nos honrarem com sua leitura. Parafraseando Drummond: “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo…”. No meu caso, tenho apenas as duas mãos, o sentimento do mundo e o Word aberto para escrever estes humildes pensares e textos, que nem de longe poderiam se comparar com os imortais escritos do nosso ilustre conterrâneo Carlos Drummond de Andrade. Ainda assim, poderão insistir em chamar de coluna. Sigamos!

Andre Viana apresentacao
André Viana
Formado em Direito pelo Censi/ Unifuncesi e em Teologia pela EBPS, é presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região, além de membro Titular do Conselho de Administração e do Comitê Executivo de Sustentabilidade da Vale. Foi vereador em Itabira entre 2017 e 2020
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