Era manhã do dia 24 de maio quando Itabira acordou com uma grande notícia: estava aprovada e publicada no Diário Oficial da União a instalação de uma Faculdade de Medicina na cidade. O curso foi autorizado para a Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira (Funcesi) com nota máxima pelo Ministério da Educação (MEC), algo compatível com sua importância para o presente e para o futuro do município. E que, mais do que formar médicos, a nova faculdade nasce com a missão de ajudar um dos principais municípios mineradores do Brasil a alcançar a tão falada e idealizada diversificação econômica.

Desde a oficialização da Faculdade de Medicina, tudo andou muito rápido. Em pouco mais de um mês, todos os trâmites burocráticos foram vencidos, o vestibular realizado e, hoje, a Funcesi já tem os futuros médicos nas salas de aula e laboratórios da instituição. Uma velocidade que contrasta com todo o histórico até a obtenção da autorização para o curso. Itabira tentava ter a Medicina desde 2017, mas a conquista só veio seis anos depois, dentro de um contexto que envolveu até mesmo uma batalha judicial e muita articulação política.

A concretização da Faculdade de Medicina é o primeiro produto entregue no âmbito do Itabira Sustentável, uma plataforma encabeçada pela Prefeitura de Itabira, com a participação direta da Vale, principal patrocinadora dos projetos elaborados com apoio de uma consultoria internacional financiada pela própria mineradora. Ao todo, são mais de 60 itens, em áreas como infraestrutura, saúde, educação, meio ambiente, transporte público e outras que influenciam diretamente na sustentabilidade do município, que convive há mais de um século com a mineração.

Por meio dessa parceria, a Vale está investindo R$ 8,8 milhões na Faculdade de Medicina da Funcesi. O dinheiro financia os laboratórios, salas de aula, adaptações estruturais e toda parte técnica necessária para o ensino. “É uma conquista de quem torce pelo desenvolvimento de Itabira. Com a Faculdade de Medicina, a saúde no município e na região mudam de patamar. Em breve, as Unidades Básicas de Saúde e os hospitais receberão os estagiários, residentes e os novos médicos para contribuir ainda mais com assistência à população”, destaca o presidente da Funcesi, Maurício Mendes.

Repleta de significados
A Faculdade de Medicina em Itabira tem a particularidade de ser um projeto abrangente, que impacta diretamente em três vertentes cruciais para a diversificação do município: o polo da Saúde, o polo da Educação e o desenvolvimento econômico. A cidade planeja se consolidar como referência nas duas primeiras áreas, seja por meio da alta complexidade na Saúde ou pela diversificação de cursos ofertados por universidades na Educação. O resultado disso é mais dinheiro circulando, empresas de novos ramos sendo abertas e, consequentemente, menos dependência da mineração.

“Significa um novo modelo de gestão voltado para a sustentabilidade, construído e executado por várias mãos. A Faculdade de Medicina é o primeiro passo dessa construção que renderá outros frutos importantes para Itabira”, sintetiza o prefeito Marco Antônio Lage, que relembra a construção do Itabira Sustentável: “Estamos trabalhando nessa estruturação desde os primeiros dias da nossa gestão. Chamamos a Vale, falamos de presente e de futuro, com projetos a curto, médio e longo prazos. Estamos caminhando bem. A Faculdade de Medicina é só o primeiro passo. E que passo! Vamos sentir os efeitos disso daqui uns anos e nos lembraremos desse momento em que celebramos a conquista”.

Na mesma linha, o diretor de Gestão de Territórios da Vale, Luiz Henrique Medeiros, abordou o diálogo para a diversificação econômica de Itabira. “Estamos trabalhando com saúde, educação e geração de renda. Para nós é uma satisfação muito grande estar aqui hoje ajudando a viabilizar essa parceria. O curso foi muito bem planejado e está bem estruturado pela Funcesi. Temos certeza que será um grande sucesso para Itabira e toda região”, comentou.

Cadeia em movimento
A nova faculdade já movimenta o polo educacional no município. Tão logo a Medicina foi confirmada pela Funcesi, a Unifei Itabira anunciou que deu início aos trâmites para ter uma especialização em Tecnologia Aplicada à Medicina, que seria um curso inédito nesta área no Brasil. A intenção é buscar o que há de mais moderno para que médicos já formados possam lançar mão de métodos tecnológicos em tratamentos.

Segundo a Unifei, o planejamento é de que a especialização seja ofertada já a partir de 2024. As bases do conteúdo pedagógico estão sendo elaboradas pelo corpo técnico da universidade. Esse seria também o primeiro passo para que a Unifei tenha o próprio curso de Medicina em Itabira, algo que já é trabalhado com o MEC desde o fim de 2020.

A cidade de ferro, dos vagões e dos trilhos agora vê no encontro entre a Saúde e a Educação uma saída para uma nova realidade. Um encontro no presente para forjar o futuro.

Especial Revista Cidades e Minerais